Como o Tik Tok salvou minha vida

Sou, oficialmente, uma viciada em Tik Tok. Eu queria ser produtiva: aprender piano, mexer no excel, mas tem horas que a gente só quer rir e passar o tempo.

Marina Estevão | 4 de Julho de 2020 às 10:00

tylim/iStock -

Sou oficialmente uma viciada em Tik Tok.

Ou uma Tik Toker.

Isso não é algo que eu lá tenha muito orgulho de dizer, afinal, tenho 27 anos.

Mas quando lembro que tem pessoas com 27 anos que perdem tempo entrando na internet pra destilar ódio, eu fico bem.

Hoje, não sinto mais vergonha.

Minha amiga Ana Paula, por exemplo, precisa de uma reabilitação.

Em 1h, ela me fez gravar 12 vídeos no Tik Tok.

Eu queria estar sendo produtiva durante esse período de isolamento.

Queria aprender a tocar piano.

Mexer no Excel.

Ler 37 livros de filosofia, alguns de culinária.

Mas, em vez disso, aprendi várias dancinhas aleatórias.

Exercitei minha criatividade criando vídeos.

Novos ângulos de filmagens.

Sou dubladora formada e certificada pela Universidade de Londres, praticamente.

Até que não é tão ruim, é?

Porque tudo depende de como a gente enxerga as coisas.

Nesse momento, eu não tô precisando aprender Excel.

(Na verdade, eu sempre precisei)

Mas tive que colocar isso na minha cabeça.

Nem sempre o que a gente precisa, a gente pode encarar naquele momento.

No meio de uma pandemia, não tava com cabeça pra aprender nada.

Pra dizer a verdade, eu só queria mergulhar numa bacia de doce de leite.

Mas também não dá.

Não existe uma do meu tamanho.

Então, o Tik Tok salvou a minha vida.

Porque se não fosse esse maldito aplicativo, talvez eu estivesse mesmo dentro de uma bacia de doce de leite.

Sei lá, ia dar um jeito.

E isso seria ruim, porque eu teria que comer tudo sozinha.

E quem ia chorar seria meu banheiro depois.

O Tik Tok pelo menos me livra dessas besteiras.

Me faz ficar alegre.

Eu vejo bobagens e vejo coisas emocionantes.

É um portal para um mundo melhor.

Todos deveriam ter uma conta no Tik Tok.

A pandemia tem pirado com a minha cabeça.

Mas pelo menos eu equilibro: um chorinho aqui, um videozinho ali.

E ainda posso sonhar com, pelo menos, um pote de doce de leite.