Inatividade física: um fator de risco independente

A inatividade física é um fator de risco independente para muitas doenças. Por isso, manter-se ativo é fundamental para manter-se saudável.

André Messias | 18 de Novembro de 2021 às 09:00

Vyacheslav Dumchev/iStock -

Certo dia encontrei com Patrícia no mercado; fazia muito tempo que eu não a via na academia. Eu achava estranho, visto que ela treinava regularmente. Diante da oportunidade desse encontro, resolvi perguntar o que havia acontecido.

Em nossa conversa Patrícia me explicou que ficou sem tempo e estava sem treinar há 7 meses. Disse que sentia falta, mas como havia feito exames recentemente e que estava tudo bem, não via necessidade de voltar. Falei para Patrícia que esse pensamento é perigoso e seria necessário termos um papo mais longo.

O pensamento de Patrícia é muito comum; muitas pessoas, assim como ela, acreditam que se não estão doentes, não precisam fazer atividade física. Ouço isso quase que diariamente visto que lutar pela atividade física representa um dos meus desafios diários. Acontece que isso representa uma ameaça para a saúde.

O perigo da inatividade física

A inatividade física é um fator de risco independente para muitas doenças, tais como: diabetes, hipertensão, obesidade, doenças cardiovasculares, osteoporose, dentre outras. Uma pessoa inativa está sempre em risco. Ainda que os exames apontem que está tudo bem, na verdade não está! Um exemplo é quando uma pessoa que apresenta um “exame de sangue saudável” realiza um teste de esforço. Muitas vezes o resultado é deplorável, indicando que a pessoa não tem um bom condicionamento aeróbio.

Além disso, é preciso lembrar que a prevenção é mais eficaz do que a cura. Ou seja, é mais provável que uma pessoa que pratica atividade física não tenha diabetes, por exemplo, do que uma pessoa diabética deixe de ser após começar a fazer atividade física.

Não entenda mal, eu não estou dizendo que a atividade física não reverte quadros de doença. Há numerosas evidências científicas que comprovam que a atividade física representa a principal ferramenta não farmacológica para muitas doenças crônicas não transmissíveis. Em outras palavras, pessoas hipertensas, obesas e diabéticas, por exemplo, tem grandes chances de deixarem de ser à medida que praticam atividade física.

A inatividade física é responsável por milhões de mortes atualmente. Dados recentes estimam que esse número seja superior a 5 milhões. Muitos fatores de risco, que estão a ela associados, são silenciosos e assintomáticos. Sendo assim, é perigoso a pessoa achar que está tudo bem. Inatividade física é o oposto de saúde. São praticamente mínimas as chances de uma pessoa inativa estar plenamente saudável. 

Voltando a Patrícia, ela ficou assustada e não sabia que ficar sem treinar era tão perigoso. Disse-me que iria reorganizar seus horários e que voltaria para a academia.

É preciso que toda e qualquer pessoa reflita sobre todos os componentes que constituem a saúde e qualidade de vida. A atividade física é a principal construtora da saúde. Ela precisa estar presente. Sem ela o perigo está à vista. 

Reflita um pouco: a semana tem 10.080 minutos e a Organização Mundial Da Saúde recomenda entre 75 e 150 minutos por semana de atividade física em intensidade vigorosa ou entre 150 e 300 em intensidade moderada. Como uma pessoa pode não ter tempo? Não praticar atividade física é uma escolha e não falta de tempo.