Dor ao mastigar pode ser disfunção temporomandibular

Você costuma sentir dores ao mastigar os alimentos? Ou então, o simples ato de abrir e fechar a boca já causa estalos e desconfortos? Talvez você esteja

Julia Monsores | 17 de Março de 2021 às 14:00

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Você costuma sentir dores ao mastigar os alimentos? Ou então, o simples ato de abrir e fechar a boca já causa estalos e desconfortos? Talvez você esteja sofrendo de disfunção temporomandibular (DTM), um problema bem comum que atinge mais de 2milhões de pessoas no Brasil.

“A DTM não tem cura. Por isso, ela precisa de controle e de manutenção periódica do paciente com o especialista”, explica a Dra. Bruna Conde, cirurgiã-dentista com especialização em disfunção temporomandibular.

Neste artigo, você conhecerá os principais sintomas, as causas e como tratar este transtorno. Não deixe de conferir e boa leitura!

O que é disfunção temporomandibular

Crédito:fizkes

A disfunção temporomandibular engloba todo um conjunto de doenças que acometem os músculos mastigatórios, as articulações temporomandibulares (ATM) e suas estruturas adjacentes, que são responsáveis pelos movimentos do maxilar, como a fala e a mastigação.

“As ATMs podem ser divididas em dois grupos: as articulares e musculares. E o nome ‘disfunção temporomandibular’ vem da ATM, quando se tem um problema na articulação envolvendo o músculo e articulações”, explica a Dra. Bruna Conde.

Quais são as causas da DTM?

As causas da disfunção temporomandibular são multifatoriais. “São influenciadas por fatores estruturais, neuromusculares e oclusais, como perda dentária, desgaste de dente, próteses mal adaptadas e restaurações ineficientes, por exemplo.”

Além disso, a especialista também aponta que hábitos parafuncionais, isto é, aqueles movimentos simples, que às vezes são realizados de forma frequente e inconsciente, também podem influenciar a DTM.

“Ranger os dentes, chupar dedos e chupetas, roer unhas e apoiar as mão, que acabam sendo posicionados na mandíbula, também podem provocar DTM”, salienta a Dra. Bruna Conde.

Diagnóstico

O diagnóstico da DTM é feito principalmente na anamnese.

“Nós temos que colher um rico histórico do paciente, de seus hábitos, tanto de sua parte clínica quanto de seus histórico médico. É importante saber se ele faz uso de medicações, se tem algum problema de saúde. Fazemos também a apalpação dos músculos da face e de suas articulações. Verificamos a abertura e fechamento de boca, movimentos de lateralidade e se o paciente sente dor nesse tipos de exame clínico.”

Além disso, para o diagnóstico, também podem ser solicitados exames laboratoriais e ressonância da articulação para verificar o seu funcionamento.

Sintomas da DTM

Em muitos casos, uma pessoa pode ficar anos sem saber que sofre com esse transtorno. Por isso, é fundamental consultar seu dentista caso sinta alguns dos sintomas da disfunção temporomandibular.

“Problemas na ATM são, geralmente, dolorosos. O paciente se queixa de dor nas articulações, nos músculos mastigatórios, dor de ouvido, dor de cabeça, nuca e trapézio”, explica a Dra. Bruna Conde

Outros sintomas são:

Tratamentos para a disfunção temporomandibular

Crédito: Chalirmpoj Pimpisarn

O tratamento da disfunção temporomandibular é multidisciplinar. Geralmente, o dentista consegue tratar por si só, mas pode ser necessário um trabalho em conjunto com terapeutas, fonoaudiólogos, neurologistas e otorrinos. “Assim, cada um pode ajudar dentro de sua área”, explica a Dra. Bruna Conde.

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“Podemos utilizar placas oclusais, fazer agulhamento seco para remover os pontos gatilhos de dor que o paciente relata, neuroestimulação elétrica, que promove um relaxamento muscular e dá mais conforto ao paciente. Podemos ensinar exercícios para o paciente fazer em casa, aplicar a termoterapia com bolsas quentes, laser terapia, entre outros”.

Além disso, com prescrição, também podem ser utilizados alguns relaxantes musculares para alívio das dores.

Apesar de ser uma opção de tratamento para a disfunção temporomandibular, a cirurgia só é recomendada em casos muito específicos.

“Somente 2 a 5% dos casos são tratados com cirurgia. Optamos por ela em casos em que há anquilose — uma rigidez completa ou parcial das articulações, ou tumores, e dependendo dos arranjos internos da ATM, como deslocamento de discos, crepitações e estalos, também pode ser indicado”, explica.

No entanto, a especialista ressalta a importância de que o paciente entenda que a cirurgia pode não trazer 100% da melhora das dores e das funções. “Por isso, é importante que seja muito bem conversado com o paciente, antes que ele opte pela cirurgia”, conclui.