Síndrome de Haff: o que é, sintomas e tratamentos

Já ouviu falar na Síndrome de Haff? Conhecida também como Doença da Urina Preta, recentemente provocou a morte de uma veterinária.

Thaynara Firmiano | 5 de Março de 2021 às 14:00

Radist/iStock -

A Síndrome de Haff, ou Doença da Urina Preta, é uma doença rara, mas que se não for tratada imediatamente pode evoluir com rapidez. Ela é caracterizada pela ruptura e necrose de vasos musculares, causando sintomas como fortes dores e rigidez nos músculos.

O caso mais recente da doença no Brasil é de Cynthia Priscyla Andrade de Souza. A veterinária, de 31 anos, foi diagnosticada com a Síndrome de Haff após o consumo do peixe arabaiana e veio a óbito após 13 dias internada.


Atenção:
Para ter o diagnóstico correto dos seus sintomas e fazer um tratamento eficaz e seguro, procure orientações de um médico


A primeira aparição da Síndrome de Haff no mundo se deu em 1924. No Brasil, no entanto, apenas em 2008, tivemos o primeiro caso. Foi um surto no estado do Amazonas que teve 27 casos da Síndrome de Haff.

Houve mais um caso isolado no estado em 2013. Entre dezembro de 2016 e abril de 2017 foi a vez da Bahia, onde houve um surto que atingiu 67 pessoas. Foi nesse momento em que os pacientes foram identificados enquanto portadores da “Doença da Urina Preta”, por se tratar de um dos seus sintomas. 

O que causa a Síndrome de Haff?

Peixes foram identificados enquanto tranmissores da toxina que causa a Síndrome de Haff (Imagem: Tetiana-Rostopira/iStock)

Rara, a doença é causada pelo consumo de uma toxina pouco comum, mas presente em peixes de água doce. Há duas teorias, uma de que a toxina está presente em algas que quando servem de alimentos para os peixes os contaminam. A outra é de armazenamento inadequado. Ainda não se sabe ao certo qual a real causa da contaminação dos peixes. 

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Não há como identificar se o peixe está ou não contaminado com essa toxina. Quando consumidos, mesmo que após a cocção em altas temperaturas, os peixes transmitem essa toxina para os humanos. 

Os casos da doença que existiram até hoje no Brasil ajudaram a identificar alguns dos tipos de peixes que estavam contaminados com a toxina que causa a Síndrome de Haff, sendo eles: olho de boi, pacu-manteiga, badejo, tambaqui, pirapitinga e arabaiana.

Quais os sintomas da doença de Haff?

A Síndrome de Haff pode causar insuficiencia renal (Imagem: peterschreiber.media/iStock)

Geralmente os sintomas da Síndrome de Haff se apresentam menos de 24h após consumo do alimento contaminado. O mais comum é o escurecimento da urina.

Isso acontece por conta de uma substância chamada mioglobina, que é liberada com o rompimento e necrose muscular. Essa toxina, no entanto, é tóxica para o rins, causando o escurecimento da urina.

Há também outros sintomas importantes que quando aparecem devem ser levados a sério visto que a doença tem uma evolução muito rápida. 

Veja os sinais e sintomas da Síndrome de Haff:

Alguns dos sintomas podem aparecer horas após a ingestão da toxina, enquanto outros podem levar de 2 a 3 dias. Depende muito da quantidade de toxina ingerida e também de como cada corpo vai reagir. 

A hidratação e a ajuda médica é a principal recomendação em caso de sintomas da Síndrome de Haff. A doença evolui com rapidez e pode ser fatal.

Como tratar a Síndrome de Haff?

Hidratação faz parte do tratamento da Sindrome de Haff (Imagem: Pornpak-Khunatorn/iStock)

Por se tratar de uma doença rara, não há um remédio específico para o tratamento. Por isso, é importantíssimo que assim que surgirem os sintomas a pessoa procure um médico. A internação visa tratar dos sintomas conforme eles vão aparecendo.

É recomendado que o paciente se mantenha bem hidratado durante as primeiras 72 horas após o início dos sintomas. A hidratação auxilia na diminuição da concentração de toxina no corpo. Medicamentos do tipo diuréticos podem ser recomendados para que haja produção e eliminação de urina. Analgésicos para alívio da dor e incômodo também podem ser receitados.

Quando não tratada imediatamente, a doença pode resultar em insuficiência renal aguda. Outro resultado grave do não tratamento é a síndrome compartimental, quando a pressão arterial em uma parte do corpo é muito alta, colocando em risco os músculos da região. A doença pode levar também à falência múltipla dos órgãos, levando à morte.