A verdade sobre os riscos de beber

Você já deve ter lido ou ouvido notícias divergentes sobre os benefícios e riscos de beber álcool, não é mesmo? Tire suas dúvidas e descubra a verdade!

Douglas Ferreira | 17 de Setembro de 2020 às 20:00

Givaga/iStock -

Você algum dia leu em uma notícia que o álcool vai prolongar sua vida, e em outra que vai mandá-lo mais cedo para o túmulo?

Quando reportagens superestimam os achados de algum estudo recente, é fácil ficar confuso.

Aqui, porém, você vai encontrar informações importantes sobre os efeitos do álcool.

O bom

A relação risco-benefício do álcool depende de quanto se está consumindo. A maioria das autoridades da saúde pública estabelece o limite nebuloso entre consumo de bebida alcoólica “moderado” e “intenso” em 1 ou 2 “doses-padrão” (10-12 gramas de álcool puro) por dia para mulheres e 2 a 4 para homens.

Você não estaria só caso confundisse consumo intenso com moderado. Observe, por exemplo, que a taça comum de 175 ml de vinho está mais próxima de duas doses-padrão do que de uma.

Evidências mostram que pessoas que bebem moderadamente têm um risco um pouco menor do que as abstêmias, quando se trata de diabetes e certos eventos cardiovasculares, como isquemias cerebrais e infartos.

Esses possíveis benefícios provavelmente não justificam iniciar o hábito se você não o tem. Em termos realistas, dificilmente uma pessoa bebe porque acredita que isso vai melhorar sua saúde, mas porque acha relaxante, gostoso ou divertido.

O ambíguo

Talvez não seja surpreendente, uma vez que a bebida exerce seu efeito ao prejudicar o cérebro, mas o alto consumo de bebida alcoólica a longo prazo é o fator de risco evitável de demência mais importante.

Até o momento, não há evidências quando se trata do consumo moderado; ele pode contribuir discretamente para o declínio do cérebro, fornecer uma leve proteção contra ele ou nenhum dos dois. O álcool também tem uma relação complexa com a depressão clínica.

“Estabelecer causas e efeitos é difícil”, diz o Dr. Jürgen Rehm, chefe da unidade de pesquisa epidemiológica da Technische Universität Dresden, na Alemanha. “A depressão pode levar ao consumo de álcool; o consumo de álcool pode causar depressão; e a vulnerabilidade genética pode contribuir para ambos.”

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O mau

O álcool foi ligado a dezenas de problemas de saúde, desde dependência e ferimentos acidentais até doença hepática e pancreatite. Quanto mais você beber, mais alto é o risco.

É assim com certos tipos de câncer associados ao álcool. Segundo a Dra. Marilys Corbex, do escritório europeu da Organização Mundial da Saúde, mesmo um consumo leve aumenta muito as chances de câncer de boca e da parte superior da garganta, de esôfago, laringe e mama.

É particularmente arriscado combinar bebida com fumo: o álcool age como um solvente para os carcinógenos nos cigarros, criando um risco maior do que a soma de suas partes.

No que se refere a doenças cardiovasculares, algumas formas são menos comuns entre consumidores moderados de álcool em comparação com abstêmios, mas outras – incluindo a fibrilação atrial e o acidente vascular cerebral hemorrágico – mostram o padrão oposto.

Uma metanálise de 2018 de dados de saúde de quase 600 mil pessoas descobriu que, depois que elas passaram de 10 doses-padrão por semana, sua expectativa de vida diminuiu de seis meses a cinco anos, dependendo de quanto além disso elas consumiam.

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O feio

Os riscos do álcool se estendem para além dos próprios consumidores: na verdade, pelo menos 10% das mortes decorrentes de ferimentos relacionados a bebidas alcoólicas atingem pessoas próximas de quem bebe, por causa de acidentes, capacidade de condução prejudicada, abuso e violência.

Por Samantha Rideout