Afinal, ouvir música na gravidez realmente faz bem para o bebê?

Hoje em dia há a tendência de acreditar que ouvir música na gravidez fará com que o bebê se torne mais inteligente ao crescer. Mas será que isso é verdade?

Thaís Garcez | 12 de Junho de 2020 às 21:00

kieferpix/iStock -

Aos seis meses de gestação, aproximadamente, o bebê presta atenção e diferencia os sons novos dos já conhecidos. Quando uma pessoa fala ou produz algum som perto da barriga de uma mulher grávida, o coração do bebê bate mais lentamente. Isso indica que ele está prestando atenção.

Foi descoberto que os sons têm um efeito surpreendente sobre os batimentos cardíacos do feto. Estímulos de cinco segundos podem causar na sua frequência cardíaca alterações que perduram por até uma hora.

Alguns sons musicais podem acarretar mudanças no metabolismo. Isso foi demonstrado em bebês prematuros expostos a uma peça musical como a Berceuse, de Brahms, seis vezes por dia, durante cinco minutos cada vez. Esses bebês ganharam peso mais rápido que aqueles expostos a sons de vozes nas mesmas condições e durante o mesmo período de tempo.

“Efeito Mozart”

Na década de 1990 a indústria fonográfica começou a lançar compilações de música clássica para as mulheres grávidas ouvirem com seu bebê. A propaganda sugeria implicitamente (embora às vezes a mensagem também fosse explícita) que ouvir música (geralmente Mozart, mas outros compositores clássicos também) deixaria o bebê mais inteligente. E ele, consequentemente, teria um desempenho escolar melhor quando crescesse. Desde então, vários estudos foram realizados pa­ra averiguar se essa ideia tinha algum fundamento.

Os resultados são claros e inequívocos. Tocar gravações de Mozart numa tentativa de estimular a inteligência do bebê ainda no útero, ou até de aumentar seu desenvolvimento emocional, não terá absolutamente qualquer efeito.

Como voltar a forma depois da gravidez

Ao nascer, o bebê já foi exposto ao som dos batimentos cardíacos da mãe. Além do som da sua voz, da voz do pai conversando com a mãe ou com ele. Por isso, nada que você faça visando estimulá-lo, como colocar música ou ler textos instrutivos, terá qualquer efeito sobre o seu desenvolvimento intelectual.

Mas é importante lembrar que a música na gravidez pode ter outros benefícios inesperados. Se a música tiver o efeito adicional de diminuir seu nível de estresse e ajudá-la a lidar com a ansiedade, então isso certamente será positivo para o feto. Além disso, sabe-se que a música que a mãe ouvia e as histórias que lia para o bebê antes de ele nascer são mais eficazes para acalmar o recém-nascido do que músicas e histórias desconhecidas. Porém, não têm o poder de deixar seu filho mais inteligente.

A importância da música na gravidez

Quando o bebê ainda está no saco amniótico, presta atenção aos estímulos au­di­tivos. Sua atividade cardíaca diminui quando é submetido a sons suaves, sinal de que está calmo. Quando o som não é agradável, os batimentos cardíacos se aceleram e ele se mexe constantemente. Se a mãe se acalma ao ouvir uma música, o bebê aprende a associar esse estado emocional àquela melodia.

O bebê armazena as informações que recebe quando ainda está no útero. E, depois que nas­ce, se acalma ao ouvir as melodias que já co­nhece. 

Em algumas ex­periências, ainda na fase intra-uterina, os bebês foram expostos repetidas vezes a certas passagens musicais. Logo após o parto, essas crianças iden­tificaram e mostraram ter prazer em ouvir as mesmas músicas.

É importante que a mãe ouça o tipo de música de que gosta. Não adianta ouvir música clássica se esse gênero não lhe agradar. E isso porque o bebê vai detectar o estado emocional da mãe e não vai associar música clássica a tranquilidade.