O poder de cura das lágrimas

Pesquisas apontam que do mesmo modo que chorar pode fazer bem, segurar as lágrimas de raiva e de dor pode ser ruim para o organismo.

Douglas Ferreira | 3 de Julho de 2020 às 21:00

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Quando eu era pequena e minha avó morreu, não entendi por que meus canais lacrimais permaneceram secos. Mas, naquela noite, quando meu pai tentou me animar com cócegas à hora de dormir, minhas risadas se transformaram em lágrimas, para meu horror – e alívio.

Portanto, não foi surpresa descobrir que pesquisadores acreditam que o riso e o choro provenham da mesma área do cérebro. Assim como o riso traz uma série de benefícios, os cientistas estão descobrindo que o choro também tem essa propriedade.

“Tudo que faz a pessoa liberar estresse é essencial para a saúde emocional”, observa Jodi DeLuca, neuropsicóloga que estuda o choro na Embry-Riddle Aeronautical University, na Flórida. E parece que chorar funciona: uma pesquisa descobriu que 85% das mulheres e 73% dos homens afirmam que se sentem melhor depois de chorar.

Ainda mais importante do que aliviar o estresse, as lágrimas trazem ajuda. Os pesquisadores concordam que, quando choramos, as pessoas ao redor ficam mais gentis e menor agressivas, mais propensas a oferecer apoio e consolo.

É importante aceitar as emoções

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As lágrimas também nos permitem descobrir mais de nós mesmos. “Aprendemos sobre nossas emoções com o choro”, explica William H. Frey II, neurocientista da Universidade de Minnesota, autor de Crying: the mystery of tears (Choro: o mistério das lágrimas).

Do mesmo modo que chorar pode fazer bem, segurar as lágrimas de raiva e de dor pode ser ruim para o organismo. Estudos já estabeleceram ligação entre a repressão emocional e problemas cardíacos, pressão alta e câncer. “Somos programados para chorar, e negar esse impulso compromete nosso bem estar físico”, diz Jodi.

Apesar dos benefícios, se o choro começar a interferir em sua vida cotidiana, procure um médico ou terapeuta. Pode ser sinal de depressão.

Os médicos ainda não estão receitando sessões de soluços; o quanto choramos depende da genética, do sexo (pesquisas apontam que a mulher chora quatro vezes mais do que o homem) e da criação. Mas, quando sentir vontade de derramar lágrimas, não resista. Trata-se de uma reação emocional natural e saudável.

DANA HUDEPOHL