Os celulares dobráveis chegaram ao Brasil. E agora?

Se 2019 foi uma espécie de marco zero para os celulares dobráveis no mundo, o ano de 2020 é, sem dúvidas, o ponto de partida para a nova tecnologia no

Ana Marques | 14 de Fevereiro de 2020 às 10:00

Mr.Mikla/Shutterstock -

Se 2019 foi uma espécie de marco zero para os celulares dobráveis no mundo, o ano de 2020 é, sem dúvidas, o ponto de partida para a nova tecnologia no Brasil. O motivo? Samsung e Motorola, as donas das maiores fatias do mercado nacional de smartphones, iniciaram o primeiro bimestre com o lançamento de seus telefones de tela flexível em terras tupiniquins.

O primeiro foi o Galaxy Fold, da fabricante sul-coreana, que se tornou imediatamente o celular mais caro do país ao chegar com preço de R$ 12.999, superando até o iPhone mais avançado do momento. Mas a Motorola veio logo em seguida, com o novo RAZR e seu conceito “inovador, mas familiar” inspirado no design do saudoso V3 – aparelho que foi febre na primeira década dos anos 2000.

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(Imagem: rommma/iStock)

Na última terça-feira (11), foi a vez de a Samsung pegar novamente o microfone para anunciar mais um modelo dobrável – dessa vez, concorrente direto do RAZR, o Galaxy Z Flip, que chega em março. Tanto ele quanto o smartphone da Motorola têm preço de R$ 8.999 no Brasil – mais barato do que o Fold, mas, nem de longe, barato de verdade.

O custo alto é um dos principais motivos pelos quais os consumidores não param de se perguntar: “o que um celular dobrável faz, além de… Você sabe… Dobrar…?”.

Para responder a esse tipo de questão e ajudar você a entender o que, de fato, as fabricantes querem com os lançamentos dos celulares dobráveis, reuni alguns pontos importantes sobre esses aparelhos – além de motivos para ter e não ter um smartphone com tela que dobra.

1.  Motivos para ter um celular dobrável: portabilidade

A portabilidade é o principal grande motivo para querer um smartphone que dobra. E para esse quesito, modelos que fecham como concha, como o Motorola RAZR e o Galaxy Z Flip, são as grandes estrelas do mercado.

 

A escolha de design resolve um grande impasse: o desejo por telas maiores, para reproduzir filmes com conforto, mas que isso não seja um inconveniente na hora do transporte. Afinal, é exatamente por isso que ninguém carrega um tablet no bolso.

2. Motivos para ter um celular dobrável: multitarefa

Nosso dia a dia exige cada vez mais velocidade em conexão e no consumo e produção/reprodução de informação. A possibilidade de dobrar um celular em dois para ter duas telas exibindo coisas diferentes – e que podem ser integradas – é algo mágico!

Pense que você está fazendo uma pesquisa para o seu trabalho, escola ou faculdade. Com um modelo flexível como o Galaxy Fold, por exemplo, é possível escrever em uma porção da tela, enquanto abre sites com referências de conteúdo na outra metade.

3. Motivos para ter um celular dobrável: estilo

Em alguns casos, o apelo é mesmo para o estilo – para o status que é andar com um desses por aí. O V3, celular no qual o Motorola RAZR 2019 foi inspirado, era um ícone da cultura pop, e a expectativa é de que o novo modelo também agrade ao segmento fashion.

A grande sacada da Motorola foi, de acordo com a própria marca, trazer um conceito novo de smartphone baseado em uma sensação familiar (a do “flip”, vista antes de smartphones existirem, de fato).

4. Motivos para não ter um celular dobrável: preço

Está caro? Muito! E não, não vale a pena, para a maioria dos usuários, pagar mais de R$ 9 mil reais em um celular que dobra, apesar de todos os seus benefícios. Mas esse é o começo, e todo começo em tecnologia tende a ser caro, mesmo. 

Um exemplo são as lâmpadas inteligentes: atualmente, é possível encontrar alguns modelos por cerca de R$ 60, mas elas já tiveram preços muito mais altos.

Se você pode investir em um dobrável, a experiência tende a ser bem bacana. Mas é bem provável que os preços caiam com o passar do tempo. Cenas dos próximos capítulos...

5. Motivos para não ter um celular dobrável: fragilidade

A fragilidade dos celulares dobráveis também despertou algumas dúvidas em consumidores e entusiastas de tecnologia ao redor do mundo. O sistema de engrenagens que permite a dobra das telas é, realmente, resistente?

As fabricantes afirmam que sim, com seus testes feitos em laboratório. Mas a verdade é que, na prática, não sabemos. Só com tempo no mercado essa dúvida será respondida. Por isso, por enquanto, a dica é esperar.

6. Por que as fabricantes decidiram investir em celulares dobráveis?

A indústria de smartphones atingiu uma espécie de limite nos últimos anos, com lançamentos cada vez mais próximos e, ao mesmo tempo, iguais em essência. Faz tempo que não se via uma verdadeira inovação – radical, como na época de ouro da Apple. Partindo desse ponto de vista, faz sentido pensar em mudar a forma como usamos o aparelho.

Mas, é claro, tem mais por trás disso. A chegada iminente do 5G vai proporcionar a grande expansão do conceito de IoT (Internet das Coisas) e da interação de dispositivos por meio de voz. Os wearables (eletrônicos vestíveis), poderão, enfim, ganhar a “vida” que foram criados para ter.

Pode parecer coisa de desenho animado ou filme de ficção científica, mas há sérios riscos de que o smartphone, como conhecemos, se torne obsoleto, caso não haja uma total revolução em experiência.

7. Quando veremos celulares dobráveis nas ruas?

Não vai ser tão cedo. Pelo menos no Brasil. Apesar de já ser possível esbarrar em um Motorola RAZR ou Galaxy Fold em stands nos principais shoppings de grandes cidades do país, o preço ainda é um grande limitador. 

É por isso que devemos torcer para que mais empresas entrem na corrida e lancem seus próprios smartphones dobráveis por aqui, o que vai estimular o mercado e trazer mais benefícios para o consumidor.

Até lá, a gente fica babando no possível futuro da indústria de dispositivos móveis.