10 hábitos diferentes da cultura japonesa que os animes nos revelam

As animações japonesas, ou animes, estão em alta. Confira alguns hábitos da cultura japonesa que os filmes do Studio Ghibli e outros nos revelam!

Julia Monsores | 13 de Junho de 2020 às 13:18

Studio Ghibli/Divulgação -

As animações japonesas, ou animes, estão em alta. Principalmente agora na quarentena, em que muitas pessoas estão aproveitando a oportunidade para buscar novos entretenimentos na Netflix e em outras plataformas de streaming. Mas o que atrai o interesse pela cultura japonesa, que à primeira vista pode parecer tão diferente da nossa?

Desde 1985, o Studio Ghibli tem sido uma referência na produção de animações japonesas. Aclamados pelo público e pela crítica, as animações do estúdio trazem de volta a delicadeza e a imaginação que parecem escapar do nosso dia a dia atarefado.

Alguns desses filmes, como A Viagem de Chihiro, Meu Amigo Totoro e O Conto da Princesa Kaguya, atraíram atenção especial dos telespectadores. E assim, fomentaram ainda mais o interesse por parte de quem deseja conhecer um pouco mais dessa cultura tão rica em tradições, histórias e (por que não?) magia.

Por isso, confira agora 10 hábitos da cultura japonesa que os animes nos revelam e conheça um pouco mais desse fascinante país insular.

1. Café da manhã (sem café)

Pode esquecer o pão francês com manteiga e aquele café coado pela manhã. O café da manhã tradicional japonês, o asagohan, é composto por alimentos como arroz branco, misoshiru, legumes em conservas e peixe grelhado. Basicamente, esse café da manhã reforçado tem os mesmos alimentos consumidos no almoço e no jantar. 

2. Calçados dentro de casa? Nem pensar

As animações japonesas também revelam outro hábito curioso: ninguém entra com os sapatos dentro de casa. Normalmente, as residências no Japão possuem uma área de entrada com um degrau abaixo do nível da casa, reservada especialmente para acolher os sapatos. Esse espaço chama-se genkan e é lá que eles devem permanecer até o momento de sair novamente.

A questão da limpeza – física e energética – é muito cara aos japoneses. E sobretudo a casa, que é uma espécie de templo sagrado, deve ser um lugar preservado das impurezas do ambiente externo.

3. Hora de dormir… no chão

Pode parecer estranho para aqueles que não abrem mão de suas camas boxes king, mas uma parte dos japoneses opta por dormir no chão, nos chamados futons. Esses são finas camadas de algodão ou lã, esticadas sob o tatami à noite.

A vantagem dos futons é que após seu uso ele pode ser dobrado, poupando espaço no quarto. Além disso, ele também é eficaz para manter a postura correta, evitando, assim, problemas na coluna.

4. Limpeza das escolas

Outro hábito da cultura japonesa muito interessante diz respeito à prática de limpeza nas escolas. Durante os anos de formação escolar, as crianças e os adolescentes participam das atividades de limpeza das salas, banheiros e corredores escolares.

Assim, esse hábito é incorporado na rotina das crianças, que são diariamente divididas em grupos para executar as tarefas após o término das aulas.

Dessa forma, o senso de responsabilidade e de valorização do trabalho em grupo aumenta.

5. Sem lixeiras nas ruas

Em muitos lugares, a ausência de lixeiras poderia indicar uma maior propensão a jogar lixos nas ruas. Mas no Japão, não. Desde pequenos, os japoneses são educados para não jogarem lixo no chão. E a educação escolar influencia muito nessa percepção. 

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Dessa forma, quando consomem alguma coisa na rua eles têm por hábito recolher o seu lixo e descartá-lo ao voltar para a casa.

6. Autoexigência escolar

Nenhum povo parece ser tão autoexigente quanto os japoneses. Há diversas pesquisas que tentam explicar as razões desse comportamento, percebido até mesmo em crianças.

É evidente que a sociedade japonesa é altamente escolarizada, e o acesso à uma boa educação é muito mais acentuado do que em outros países, como o Brasil. Dessa forma, isso explicaria, em parte, essa maior responsabilidade em relação à própria formação.

Outra questão que não dá para desconsiderar é a pressão familiar e social para a entrada nas universidades. E, de preferências, as melhores, como a de Tóquio ou Quioto — que possuem requisitos severos.

Uma expressão japonesa dá conta dessa dimensão: shito goraku. Ou, no bom português, “os que dormem só 4 horas por dia vão passar. Os que dormem 5 horas vão ser reprovados.”

7. Pontualidade

Você já imaginou viver em um país em que o maquinista do trem que você pega para ir ao trabalho pede perdão no alto-falante por seu atraso? De 20 segundos?

A pontualidade também é um traço marcante da cultura japonesa que nós observamos com facilidade nas animações.

Em geral, os japoneses procuram chegar com cerca de 10 minutos de antecedência ao local combinado. Afinal, o atraso é considerado uma falta grave, principalmente no ambiente profissional. Dessa forma, é evitado ao máximo.

8. “Silêncio, por favor”

Um hábito bastante comum no Brasil, falar ao celular em público é visto como uma grande falta de educação para os japoneses. Além disso, em alguns lugares chega a ser expressamente proibido, como nos trens. E isso também se estende para ouvir músicas sem fones de ouvido ou conversar alto com alguém do seu lado.  

9. Cumprimentos (sem abraços!)

O brasileiro tem fama de ser um país muito afetuoso. Dessa forma, é comum nos cumprimentarmos com beijos e abraços. Mas em muitos países não é assim. E o Japão é um deles.

Na cultura japonesa, a reverência oriental, conhecida como ojigi, é a principal forma de cumprimento, e é ensinada para as crianças desde cedo. Além de servir como saudação, o ojigi também pode representar gratidão, um pedido de desculpas ou favor.

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A amplitude da curvatura — que pode ser de 15º, 30º ou 45º — tem significados diferentes. Por exemplo, se você estiver cumprimentando um amigo, é comum usar a curvatura de 15º.

Já a de 30º é usada para cumprimentar professores ou chefes, e a de 45º para pedir desculpas ou cumprimentar o imperador.

10. A relação com o dinheiro

Entregar o dinheiro para o pagamento da conta diretamente nas mãos do garçom é muito comum no Brasil e em outros tantos países do ocidente. Entretanto, essa prática não é bem vista no Japão.

Por isso, todas as lojas possuem uma bandejinha em frente ao caixa onde você coloca suas cédulas e moedas.

Ah! E nem pense em dar gorjetas. O trabalho tem uma dimensão muito importante no Japão, e por mais que, aqui no Brasil, seja um ato de boa-fé recompensar o garçom com um trocadinho a mais, no Japão é visto como uma desonra… e uma baita falta de educação.

Por Julia Monsores