Crediário no cartão de crédito: opção ou cilada?

Cartões de crédito passaram a oferecer uma opção de crediário de longo prazo com juros reduzidos. Mas será que essa nova opção é uma boa? Confira!

Redação | 1 de Abril de 2019 às 21:00

gpointstudio/iStock -

Já não é de hoje que os carnês e boletos de pagamentos emitidos por financeiras para a compra financiada de produtos nas lojas de varejo estão diminuindo. Com o avanço da tecnologia, as compras parceladas com cartões de credito vêm ocupando este espaço.

Mais recentemente, alguns bancos associados com algumas bandeiras de cartões de crédito inovaram passando a oferecer além do parcelamento das compras de produtos, com ou sem juros mensais, uma opção de crediário de longo prazo com juros reduzidos, para a compra de produtos de valores mais elevados. Essa opção de crédito depende de uma análise prévia da renda do consumidor. Ela é feita na loja credenciada ao banco, no momento da compra.

Assim, para utilizar o crediário no cartão de crédito, com juros baixos e prazo de pagamento longo, é preciso saber:

1.

Se a loja onde você vai fazer a compra é credenciada ao seu banco e cartão de crédito.

2.

Que ela fará uma consulta aos cadastros de devedores (SPC, Serasa e Cadin). Assim como ao relacionamento com o cartão (faturas em atraso).

3.

E ainda, checar se o produto que você deseja financiar é aceito para esta linha de crédito. Em geral o crediário está disponível para grandes eletrodomésticos e eletrônicos como: geladeiras, fogões, lava-roupas e lava-louças, video games, computadores, televisões de grandes polegadas, telefones celulares, móveis, etc.

Com esta opção de crediário o limite do cartão de crédito não fica comprometido. Justamente porque as parcelas não serão pagas na fatura do cartão, mas sim debitadas na sua conta corrente. O cartão funciona somente como instrumento para a operação captando seu cadastro e dados bancários.

Se a geladeira pifou, esta pode ser uma boa solução para comprar uma nova, principalmente se o limite do cartão de crédito já não permite mais uma compra grande.

O que dizem os defensores dos consumidores?

Entidades de defesa dos consumidores alertam sobre o risco de endividamento das famílias com mais essa linha de crédito. Na opinião deles, essa nova opção de crediário, mesmo com as taxas de juros reduzidas –  bem mais baixas do que as taxa praticadas pelos cartões de crédito e por outros crediários de lojas – deverá beneficiar mais às instituições financeiras e lojas de varejo do que ao consumidor.

As taxas de juros dessa opção de crediário já disponível em diversos cartões de crédito são bem próximas das taxas do empréstimo consignado (variam de 2% a 6% ao mês), cujo pagamento das parcelas é descontado na folha de pagamento. Isso porque a forma de pagamento das parcelas do crediário segue o mesmo princípio: débito direto na conta corrente. Com isso, o risco de calote ao banco fica reduzido. Ou seja, a redução das taxas de juros não objetiva exatamente um benefício aos consumidores, mas sim corresponde a uma redução do risco para as financeiras.

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Além disso, é importante lembrar que o consumidor que não tiver saldo na conta para pagar as parcelas vai acabar entrando no limite do cheque especial, ou seja, num empréstimo com juros altos. E mais, os prazos dos crediários costumam ser bem longos, chegando a 48 ou 60 pagamentos mensais. Assim, uma parte da renda do consumidor pode ficar comprometida por prazos bem longos estendendo o endividamento das famílias.

Crédito não pode ser vilão

Para não se tornar um problema, todos os tipos de crédito como empréstimos, financiamentos, cheque especial, crédito rotativo e parcelamento de compras no cartão de crédito e agora essa nova opção de crediário no cartão de crédito, devem ser utilizados com planejamento e consciência.

A variedade de opções de crédito pode ser positiva quando o consumidor consegue utilizar justamente como opção, mas pode ser muito perigosa se as pessoas começarem a assumir diversos tipos de dívidas ao mesmo tempo, acreditando que as opções passam a fazer parte da sua renda, o que não é correto.

Como sempre orientamos na nossa coluna de Economia, o planejamento é o segredo da boa saúde financeira. Se você acompanha nosso site já deve saber quais são os 8 erros comuns no planejamento financeiro e como evitá-los. Ter uma opção de crédito com juros mais baratos pode ajudar na aquisição de bens necessários de valor mais elevado ou até mesmo na redução do endividamento, quando a pessoa consegue trocar uma dívida com juros mais altos por outras com juros menores. Por isso, ter opções é bom, desde que se saiba utilizá-las.