Os documentários brasileiros são uma forma de fazer com que a gente conheça melhor a história e a realidade atual do nosso país.
Matheus Murucci | 7 de Agosto de 2021 às 09:00
No dia 7 de agosto é celebrado o Dia do Documentário Brasileiro. Para comemorar esta data, vamos falar um pouco sobre o gênero cinematográfico e listar os 31 melhores documentários brasileiros.
A tradição do documentário no Brasil nasceu com a chegada do próprio cinema, assim como no restante do mundo. De início, as primeiras imagens captadas eram de situações reais e pessoas de verdade, não havia ficção. Podemos dizer, então, que o documentário surgiu ao mesmo tempo que o cinema.
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Por aqui, os primeiros registros eram de imagens da natureza, paisagens como a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Isso lá no finzinho do século XIX. Com o passar dos anos e os avanços tecnológicos, ficou cada vez mais comum a realização de documentários.
No início, eram formas até de registrar situações pouco percebidas pelo homem moderno, como o cotidiano de tribos no interior do país. Dessa forma, cineastas e antropólogos trabalhavam juntos, utilizando a câmera como ferramenta de documentação.
Mais recentemente, o gênero documental foi ganhando novas fronteiras. Diretores passaram a brincar com o gênero de ficção dentro dos documentários, criando filmes híbridos. E com o avanço do streaming, séries e filmes documentais passaram a ser realizados em tempo recorde, para atender a demanda atual de informação rápida.
Separamos 31 documentários brasileiros que têm, de alguma maneira, relevância para o audiovisual brasileiro. Seja pela sua proposta inovadora ou pelo burburinho causado nas redes sociais.
Este é considerado por muitos como o melhor dos documentários brasileiros de todos os tempos. Ele levou cerca de 30 anos para ser realizado. O motivo da demora foi a interrupção das filmagens no início dos anos 1960, provocado pela ditadura militar. O filme, inicialmente, seria uma ficção sobre uma família de líderes sindicais no interior do Nordeste.
Quando o diretor, Eduardo Coutinho, voltou lá, muitos anos mais tarde, ele reencontrou as personagens que participaram do início das primeiras filmagens e o filme acabou virando um documentário sobre o que poderia ter acontecido e o que aconteceu de lá pra cá.
É muito provável que você tenha assistido a este filme na escola. Ele é muito utilizado por professores para falar sobre saúde ambiental e economia.
É um curta-metragem que se utiliza da ficção como elemento informativo. Muitos o tratam como “pseudodocumentário”. Dirigido por Jorge Furtado, ele mostra como a economia é responsável pela desigualdade social.
O documentário de Andrea Tonacci reproduz a fuga do indígena Carapirú, depois de sua tribo, os Awá-Guajá, terem sofrido um massacre.
Neste filme, temos um importante retrato da questão indígena, da natureza e como a economia mexe nos recursos naturais de forma irresponsável.
É um dos poucos documentários do renomado cineasta Glauber Rocha. O filme é um curta-metragem que homenageia o pintor Di Cavalcanti, falecido um ano antes da produção do filme.
Glauber usa uma linguagem bastante ousada e experimental para falar das obras do artista. Até imagens do seu velório são exibidas, o que causou complicações judiciais por parte da família dele.
Neste documentário de João Moreira Salles, o diretor entrevista o antigo mordomo de sua família, Santiago. O filme é um retrato familiar pela perspectiva de alguém de fora da família. O cineasta se coloca também em primeira pessoa, dando um tom intimista ao longa.
O diretor Gabriel Mascaro entrega as câmeras nas mãos de cinco jovens para que eles filmem seus cotidianos juntos da empregada doméstica das suas casas. Temos, então, um filme que mistura amizade com relações de poder e destaca os limites que podem existir numa interação entre patrões e empregados.
João Moreira Salles e Kátia Lund entrevistam membros do tráfico de drogas e moradores do Morro Dona Marta para criarem um panorama sobre a violência no Rio de Janeiro. É um dos documentários brasileiros para entender a nossa geopolítica.
O filme acompanha momentos da trajetória da artista trans Linn da Quebrada, como forma de discutir as questões de gênero e sexualidade. Foi exibido em diversos festivais internacionais.
O diretor Eduardo Coutinho colocou um anúncio no jornal pedindo que mulheres contassem suas histórias para ele. Em seguida, ele selecionou atrizes para interpretar esses mesmos depoimentos e misturou as duas coisas. O resultado é uma indagação sobre o próprio gênero documental: o que é realidade e o que é ficção?
A diretora Maria Augusta Ramos documenta o cotidiano de um Tribunal de Justiça. Vemos as interações entre réus, advogados, promotores, famílias e juízes. O filme serve como uma reflexão sobre o sistema judiciário brasileiro.
Leandra Leal inicia sua empreitada como diretora de cinema revivendo o passado. No antigo Teatro Rival, no Centro do Rio de Janeiro, ela cresceu no meio de artistas drag queens e transexuais. Ela entrevista essas artistas, que dão um panorama sobre o que era ser LGBT numa época de repressão.
Uma oficina de audiovisual foi ministrada dentro de um presídio. Depois disso, os próprios detentos filmaram seu cotidiano, além do material feito por Paulo Sacramento, diretor. O filme é uma mistura dos dois registros e mostra as condições degradantes do centro de detenção.
Neste documentário poético, a cineasta Petra Costa recorda memórias da sua irmã. Ela resgata farto material entre vídeos caseiros, vídeos da imprensa e faz entrevistas com pessoas que conviveram com a irmã. É um emocionante relato pessoal, antes de mais nada.
Filme sobre as greves do ABC Paulista nos anos 1970. Funcionários das fábricas da região decidem protestar contra as más condições de trabalho, e o filme mostra o confronto entre eles e a ditadura militar. De Leon Hirzman, é um importante filme sobre a política brasileira.
Mais um filme de Eduardo Coutinho, um dos maiores cineastas que já tivemos. Neste documentário, ele entrevista exclusivamente os moradores de um prédio no bairro de Copacabana, Rio de Janeiro. Sem mostrar nenhuma vez a famosa praia e se atendo somente aos depoimentos dados a ele, Coutinho acaba por fazer um retrato etnográfico do bairro e da classe média carioca.
Filme do paraibano Linduarte Noronha, que faz um registro tido como iniciante do movimento Cinema Novo, que revolucionou o cinema brasileiro. No filme, ele mistura ficção com reportagem para mostrar o cotidiano dos moradores de um quilombo, algo que até então não tinha sido explorado pelo cinema. Um dos documentários brasileiros que são destaques pela inovação.
Rafael Alvarez e Tatiana Issa fazem uma investigação sobre o famoso grupo artístico dos anos 70, os Dzi Croquettes. Sucesso no Brasil e no exterior, os artistas homens performavam papéis pensados como femininos, em shows estilo cabaré. O filme resgata imagens da época e apresenta entrevista com integrantes remanescentes.
O filme usa antigas fitas de áudio gravadas pelo artista plástico José Leonilson para fazer um percurso afetivo sobre sua vida e obra. No conteúdo das mensagens, que ele gravava pra si mesmo, vemos relatos muito íntimos sobre sexualidade, arte, HIV e amor. Dirigido por Carlos Náder.
Joaquim Pedro de Andrade filma o cotidiano simples do poeta Manuel Bandeira, em sua casa no bairro do Castelo. Bom para quem gosta de literatura e tem curiosidade em saber como era o dia a dia do poeta.
Marcos Prado filma a rotina da catadora Estamira em um aterro sanitário. Com problemas mentais, a personagem principal do documentário faz importantes reflexões sobre consumo, economia, dejetos e viver na insalubridade.
É um documentário sobre a cantora brasileira, falecida em 2001. O filme faz um percurso por sua vida e obra musical, utilizando imagens de arquivo e entrevistando pessoas que conviveram com ela. O diretor é Paulo Henrique Fontenelle.
Eduardo Coutinho entrevista diversas pessoas, pedindo a elas que contem uma história envolvendo uma música marcante. O filme é repleto de depoimentos emocionantes, mostrando a importância da música nas nossas vidas.
A diretora Lúcia Murat usa sua experiência como vítima direta da ditadura militar no Brasil e faz um filme contando histórias de mulheres que enfrentaram o regime. O filme também mostra o processo de recuperação dessas vítimas.
O filme mostra o cotidiano de três personagens com vidas completamente diferentes: uma mulher trans que é professora e profissional do sexo, um rapaz que é Hare Krishna e líder de torcida organizada e um homem africano que não consegue terminar de escrever todos os livros a que se propõe. Dirigido por Sérgio Borges, é mais um dos documentários brasileiros que brincam com a ficção.
Agora falaremos de algumas séries documentais contemporâneas que estão dando o que falar por aí.
A primeira delas é “Anitta: made in Honório”, que acompanha os bastidores e a vida privada da cantora Anitta. A série mostra como ela ascendeu de uma jovem do subúrbio do Rio de Janeiro a uma estrela internacional.
O documentário mostra a vida e carreira de Marielle Franco, vereadora assassinada em março de 2018. Ao longo dos episódios, sabemos como se deu a chegada dela até a política, a campanha que a elegeu e o que aconteceu na noite da sua morte, no Rio de Janeiro.
Nesta série, vemos o desenrolar de um dos casos policiais mais comentados dos últimos tempos: o desaparecimento do menino Evandro, no Paraná. A série reconstitui partes importantes do caso e apresenta entrevistas.
A rapper Karol Conká surpreendeu a todos com seu temperamento ao participar do reality show “Big Brother Brasil”. A série documental teve as filmagens iniciadas assim que ela foi eliminada do programa com recorde de rejeição. Os episódios colocam Karol em confronto com ela mesma e com acontecimentos de dentro da Casa, além de mostrar seus planos para o futuro.
Ainda na safra de séries documentais, repercutindo o último BBB, esta fala sobre a história de Juliette Freire, vencedora da edição de 2021. Ao longo dos episódios, sabemos mais sobre a infância e a juventude da advogada e o que a transformou no fenômeno midiático atual.
O penúltimo título da lista mostra a trajetória da dupla de irmãos que fez enorme sucesso seguindo os passos do pai: Sandy e Junior foram um fenômeno musical e televisivo. Na série, os dois relembram passagens memoráveis da carreira, a relação com os fãs e o o término da dupla.
O último e com certeza mais impactante dos documentários é Pacto Brutal, o documentário sobre o assassinato da atriz Daniella Perez. Há 30 anos esse crime cometido por seu parceiro de cena e sua mulher chocou o país inteiro. Hoje, nesse documentário a história é contada pela perspectiva da vítima e conta com depoimentos, fatos e muitas informações que nunca teriam sido contadas.