10 mulheres negras que fizeram história no Brasil

As mulheres negras que você vai conhecer a seguir, lutaram contra o machismo e o racismo da sociedade para fazerem seus nomes.

Thaynara Firmiano | 24 de Julho de 2021 às 12:00

Thaynara Firmiano/Canva -

Mulheres negras lutam duplamente: contra o machismo e contra o racismo. O Brasil é um país que foi construído com mão de obra escrava. Homens negros e mulheres negras foram escravizados e mortos por mais de 300 anos. As marcas da escravidão estão presentes no racismo diário, no racismo estrutural. E aparecem também na falta de representatividade negra na dramaturgia, política, cultura e outras áreas da sociedade.

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As mulheres negras que você vai conhecer a seguir lutaram contra o machismo e o racismo da sociedade para defenderem a si mesmas e seus pares e para fazer mais pelo país. 

1. Tereza de Benguela

Rainha Tereza foi como se tornou conhecida Tereza de Benguela. (Imagem: Autor desconhecido/Wikimedia)

Tereza, ou Rainha Tereza, como ficou conhecida, foi casada com José Piolho, que chefiava o Quilombo do Piolho. Após a morte de seu marido, Tereza se tornou a líder do Quilombo. Por duas décadas, ao lado de mulheres e homens negros e indígenas, Tereza resistiu a escravidão. Foi ela quem administrou o quilombo criando uma estrutura política e econômica. Além de conseguir organizar armas, e mecanismos de defesa do local. 

As informações de sua morte não são concretas. Relatos indicam que foi suicídio, após ser capturada. Também há informações de que ela teria sido assassinada por militares.

Hoje, o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, ganhou o nome de Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, no Brasil.

2. Dandara de Palmares

Em 2019, Dandara foi reconhecida como heroína do Brasil. (Imagem: Wikimedia)

Dandara dos Palmares foi uma grande guerreira. Lutou ao lado de seu marido, Zumbi dos Palmares, na tomada do Quilombo dos Palmares, contra o governo de Ganga Zumba. Mãe de três filhos, Dandara, quando foi necessário, pegou em armas para se proteger, em lanças para caçar, plantou, fez de tudo dentro do quilombo. 

Sua história, no entanto, foi apagada. Não é contada nos livros de história e ainda é pouco citada nos movimentos sociais. Apenas em 2019, Dandara foi reconhecida como heroína. Pela Lei nº 13.816/19, a guerreira foi incluída na lista de Heróis e Heroínas do Brasil. Sua inclusão, no entanto, só veio 22 anos depois da de Zumbi. 

3. Carolina Maria de Jesus

Maria Carolina de Jesus se tornou reconhecida por seu livro “Quarto de despejo”. (Imagem: Autor desconhecido/Arquivo Nacional)

Carolina Maria de Jesus foi escritora, compositora e poetisa. Seu trabalho mais reconhecido é “Quarto de despejo: diário de uma favelada”, publicado pela primeira vez em 1960. Uma das primeiras mulheres negras escritoras do Brasil, Carolina é considerada uma das mais importantes do país. 

Antes de ser escritora, Carolina trabalhava como catadora de papel. Mesmo com o sucesso de seu primeiro livro, a escritora não conseguiu emplacar novos sucessos. À época, muitos atrelaram seu primeiro livro à figura do jornalista Audálio Dantas, que a auxiliou na publicação dos seus relatos escritos em um diário.

4. Conceição Evaristo

Conceição foi encorajada a publicar seus escritos quando entrou para a faculdade de Letras. (Imagem: Fora do Eixo/Wikimidia)

Maria da Conceição Evaristo de Brito é uma escritora brasileira muito influente. Nascida em Minas Gerais, cresceu na favela Pindura Saia, em Belo Horizonte. Sua mãe reforçou desde jovem sua educação e a encaminhou para uma escola de fora da favela, por considerá-la mais completa. 

Enquanto estudava para ser professora, trabalhou como empregada doméstica. Conceição se formou aos 25 anos, quando se mudou para o Rio de Janeiro. Passou em um concurso público e quase 15 anos depois entrou para o curso de letras da UFRJ. 

Na universidade, Conceição estreou na literatura, na década de 1980. Desde então, a escritora já publicou romances, contos, poesias e ensaios. Suas obras apresentam o cotidiano da discriminação racial, de gênero e de classe. 

5. Elza Soares

Mesmo com uma vida difícil, Elza segue se renovando e encantando todos com seu talento. (Imagem: festival_latinidades / Wikimidia)

Elza Gomes da Conceição é uma cantora e compositora carioca, que foi eleita pela Rádio BBC, de Londres, como a cantora brasileira do milênio, em 1999. Além disso, é a primeira mulher negra na lista das 100 vozes brasileiras, montada pela revista Rolling Stone Brasil

Em sua vida, Elza passou por violência doméstica e sexual, em vários momentos. Casou-se duas vezes, uma delas com o jogador de futebol Mané Garrincha. Deu à luz oito filhos; desses, dois morreram ainda recém-nascidos. Uma delas foi sequestrada quando ainda era uma bebê e só foi reencontrada 30 anos depois.

O único filho que teve com Garrincha, morreu aos 9 anos, em uma acidente de carro. Em 2015, perdeu mais um filho, já com 59 anos.

Elza sofreu uma queda em um show, que a deixou com dificuldades de locomoção. Mesmo com muita luta em sua vida, a cantora se reinventa e renasce para nos encantar com seu talento. 

6. Ruth de Souza

Ruth de Souza foi a primeira atriz negra protagonista de uma novela brasileira. (Imagem: Autor desconhecido/Arquivo Nacional)

A atriz Ruth de Souza foi a primeira mulher negra a atuar em uma peça no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Carioca, Ruth fez história com a peça Imperador, em 1945. Ela foi a primeira brasileira a concorrer ao prêmio de melhor atriz em um festival internacional de cinema. Sua indicação ao Festival Internacional de Veneza se deu graças à sua atuação no filme Sinhá Moça. Ruth de Souza se destacou ainda por seus papéis na televisão e por ser a primeira mulher negra a protagonizar uma novela. 

7. Maria Firmina dos Reis

Maria Firmina dos Reis foi escritora, professora e pioneira. (imagem: Fundação Palmares)

Nascida em São Luiz (MA), Maria Firmina dos Reis foi a primeira romancista negra publicada no Brasil, em 1860. Além de escritora, Maria Firmina foi a primeira mulher negra a passar em um concurso público, no Maranhão. A professora também foi responsável por fundar a primeira escola mista e gratuita da região.

8. Antonieta de Barros 

Antonieta de Barros fez história na política de Santa Catarina. (Imagem: Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina)

Antonieta de Barros nasceu em Santa Catarina e foi a primeira deputada estadual negra do Brasil, além de primeira deputada mulher no estado. Filha de ex-escravizados, Antonieta se tornou professora e jornalista. Em uma época na qual o Brasil tinha altas taxas de analfabetismo, foi ela quem criou o Curso Particular Antonieta de Barros, onde o trabalho era dedicado à população carente. Antonieta também criou o jornal A Semana e dirigiu a revista Vida Ilhoa. Além disso, militou na Frente Brasileira para o Progresso Feminino. 

9. Dona Ivone Lara

Dona Ivone Lara abriu as portas do samba. (Imagem: Natalia Bezerra/Wikimedia)

Ivone Lara da Costa foi a primeira mulher a escrever um enredo de escola de samba. Desde cedo gostando de música, Dona Ivone compunha sambas e os colocava em nome de seu primo, pois seriam mais aceitos se fossem escritos por um homem. Formou-se em enfermagem e atuou na profissão, mas voltou ao samba e fez história.

A Rainha do Samba, ou Grande Dama do Samba, mostrou seu talento ao compor “Os cinco bailes tradicionais da história do Rio”, samba enredo da escola Império Serrano, em 1965. Sua história abriu caminho para que outras mulheres ocupassem as rodas de samba, como cantoras e compositoras. 

10. Marielle Franco

Marielle Franco lutou pelos direitos das minorias sociais. (Imagem: Mídia NINJA/Wikimidia)

Marielle Franco foi uma vereadora carioca. Em 2016, ela foi a quinta mais votada nas eleições municipais. Em 14 de março de 2018, após pouco mais de um ano de mandato, Marielle foi assassinada, junto ao seu motorista, Anderson Gomes, no bairro do Estácio, Rio de Janeiro. Sua morte gerou comoção, mas, até o momento, seu assassinato segue sem solução.

Marielle era formada em Sociologia e mestre em Administração Pública. Lutava pelos direitos humanos e buscava melhores condições de vida para pessoas pretas, periféricas e LGBTQIA+. Após sua morte, sua família criou o Instituto Marielle Franco com a missão de inspirar, conectar e potencializar as vidas que Marielle lutava para ajudar.