8 festivais que valem a pena conhecer antes de morrer

Além dos famosos festivais de música e literatura da Europa, há uma série de outras comemorações, que vão das mais tradicionais às decididamente

Redação | 11 de Junho de 2019 às 12:00

Divulgação/Festival -

Além dos famosos festivais de música e literatura da Europa, há uma série de outras comemorações, que vão das mais tradicionais às decididamente peculiares. 

Solstício de Verão na Suécia

21 de junho

A comemoração do solstício de verão é um dos feriados mais importantes do calendário sueco. As festividades começam na véspera, este ano em 21 de junho.

Os historiadores atribuem as comemorações do solstício do verão às festas pagãs, mas a maioria das tradições modernas se firmou no século passado. Há pratos específicos a servir – batatas novas, arenque em conserva, morangos – e músicas a cantar, como “Små Grodorna” (“As rãzinhas”), pulando em torno de um mastro. Os tradicionalistas escovam as roupas folclóricas e amarram flores em coroas coloridas de verão.

A cerveja corre livremente, e os pratos se alternam com doses de aquavit geladíssima, acompanhada por estridentes canções de bêbado chamadas snapsvisor. A única obrigação absoluta no solstício é a natureza. Os que não conseguem ir para o campo podem participar de comemorações públicas em parques urbanos nos três dias de festa no Skansen, um museu e zoológico a céu aberto de Estocolmo.

Certa vez, passei uma festa de solstício maravilhosa num parque de Estocolmo com apenas uma toalha de piquenique, uma churrasqueira descartável e uma guirlanda mal-ajambrada de flores selvagens. Praticar em boa companhia os jogos de gramado suecos sob o claro céu azul foi comemoração suficiente para marcar a entrada do verão e dar boas-vindas à abundante luz diurna que finalmente volta à Suécia depois de meses envolta na escuridão.


— Ingrid K. Williams

Festival dos Barcos (Portsoy, escócia)

22 e 23 de junho

Barcos de pesca históricos e equipes de vela competitiva zarpam no 26º Festival Anual de Barcos Tradicionais Escoceses, na aconchegante cidadezinha à beira-mar de Portsoy, no litoral norte de Aberdeenshire. Famosa pelo pitoresco porto do século 17 e pelos prédios de pedra, a cidade aparece com frequência em comerciais de TV e longas-metragens.

Entre as embarcações que frequentam regularmente o festival estão o Isabella Fortuna, um barco de pesca de 13 metros construído em 1890 e restaurado, e o White Wing, barco a vela de 10 metros lançado ao mar em 1917. O festival também traz uma flotilha de embarcações menores. Entre as visitas aos pesqueiros maiores, os frequentadores também podem remar num coracle, pequeno barco redondo tradicional feito de vime, no antigo porto de Portsoy.

Faça o que fizer, não se esqueça dos elementos. “Esteja preparado para o clima escocês; traga filtro solar e também guarda-chuva!”, aconselhou Vivien Rae, do grupo de organizadores.

Outras atrações são grupos de gaita de foles e muitos pratos escoceses tentadores, como Arbroath Smokies – um tipo tradicional de hadoque defumado –, além de peixe frito e uísques incomparáveis. Os visitantes podem dar uma olhada no museu da cidade, abrigado num depósito de gelo e fábrica de processamento de salmão de 1834 que foi restaurado, com informações sobre a genealogia e as histórias de famílias locais.

Preste atenção nas regras: em anos anteriores, os organizadores proibiram bananas e assovios, que marinheiros acreditavam que davam azar.

— Evan Rail

Festival do Casamento (Galicnik, Macedônia do norte)

12 e 13 de julho

Só dois habitantes moram permanentemente em Galicnik, na Macedônia do Norte, um povoado na montanha uns 10 quilômetros a leste da Albânia, mas durante o Festival do Casamento da aldeia a população explode. Milhares de viajantes e pessoas do local que moram longe se unem em dois dias de festejos, ritos e desfiles, culminando com o matrimônio de um casal com raízes na aldeia. “O festival se iniciou em 1963 usando costumes que já têm séculos”, disse Marko Bekric, neto dos únicos moradores permanentes. “Tudo começou para que pessoas da aldeia que emigraram ou se mudaram pudessem voltar, se casar e continuar nossa tradição.”

Quando o sol se põe na sexta-feira, músicos tocando tambores e instrumentos de sopro tradicionais entram num coreto do tamanho de um salão de banquetes, cheio de convivas.

Pratos de carne grelhada brigam por espaço na mesa junto a bandejas de cerveja e garrafas de aguardente local. A música inspira os festeiros a subir nas mesas, dar gritos de aprovação e sair de braços dados, agitando estrelinhas.

Um programa completo de rituais acontece nos dois dias seguintes. Os homens usam calças e túnicas de lã grossa. As mulheres usam vestidos bordados de quase 30 quilos, passados de geração em geração.

As cerimônias incluem barbear o noivo na praça principal, ir a pé até o cemitério para convidar os mortos para o casamento e mandar a noiva a cavalo até a casa do futuro marido antes de andar até a Igreja de São Pedro e São Paulo. “Essa cerimônia é algo só nosso”, disse Tanja Lepcheska, cujo irmão se casou aqui há dois anos. “Ninguém pode nos tirar.”

— Alex Crevar

Festival do Jasmim (Grasse, França)

2 a 4 de agosto

Todo mês de agosto, a cidade provençal de Grasse, conhecida como capital mundial do perfume, presta três dias de homenagem exuberante a uma das duas flores fragrantes que configuraram seu destino: o jasmim.

Durante o Festival do Jasmim (o primeiro foi em 1946), a cidade é decorada com guirlandas roxas. As mulheres se vestem de flores e tocam instrumentos medievais, e as crianças assistem ao teatrinho de fantoches com temas florais.

O principal evento é um desfile no qual o corpo de bombeiros da cidade borrifa na multidão água perfumada com jasmim. As moças jogam flores no público, e homens de chapéu-coco sobre pernas de pau avançam pelas ruas de paralelepípedo cobertas de pétalas.

Séculos atrás, Grasse tinha um próspero negócio de couro, mas o processo de curtimento criava uma mercadoria com cheiro acre. Um perfumista local ofereceu um par de luvas de couro perfumado a Catarina de Médici, rainha da França de 1547 a 1559, e ali nasceu uma indústria. Tanto o jasmim quanto a rosa centifólia têm papel importante no setor perfumista e compõem vários perfumes famosos.


— Colleen Creamer

La Tomatina (Buñol, espanha)

28 de agosto

Um dos espetáculos mais amados da Espanha é La Tomatina, uma imensa briga de comida realizada na cidadezinha de Buñol, a 40 quilômetros de Valência. Na festa, que começa às 11 da manhã e dura menos de duas horas, jogam-se e esmagam-se quase 160 toneladas de tomates supermaduros. Ela só apareceu no calendário espanhol no fim da década de 1950.

Realizada anualmente na última quarta-feira de agosto, a diversão começa com um presunto colocado no alto de um pau de sebo na praça da cidade. Assim que alguém consegue pegar o presunto, caminhões despejam para o público os tomates muito maduros. Segue-se o caos.

Há pouco tempo, depois que a multidão aumentou para mais de 50 mil pessoas, as autoridades limitaram o acesso aos primeiros 22 mil participantes que comprarem ingresso (que no ano passado custou 12 euros).

Se você for, pense em levar óculos de natação para proteger os olhos, um par de tênis velhos (ficarão arruinados) e uma muda de roupa. Depois da batalha, os moradores participam lavando tudo e todos com mangueiras.


— Andrew Ferren

Festival-Mediaval (Selb, alemanha)

6 a 8 de setembro

Todo mês de setembro, a cidadezinha bávara de Selb, na fronteira tcheca, se transforma num reino fantasmagórico de elfos dançarinos, belas donzelas, guerreiros teutônicos batendo cabeça e vendedores que oferecem de tudo, de vitrais a mutzbraten, uma iguaria bávara de porco apimentado.

O Festival-Mediaval, que se declara a maior festa medieval da Europa, segue a regra tácita desses eventos, em que a encenação histórica mais ou menos fiel se mistura a personagens e imagens tirados do mundo mágico de J. R. R. Tolkien, Game of Thrones, Dungeons & Dragons e outros incontáveis subgêneros de fantasia e jogos participativos.

Embora o festival de Selb não aborde a Idade Média com o rigor belicoso de outras festas alemãs, como o Torneio de Cavaleiros de Kaltenberger, o maior evento de justas do mundo, haverá batalhas em terra e na água, com justas, foices e barris de pólvora. Além disso, haverá uma tenda da literatura, onde escritores importantes de história e fantasia lerão seus livros, além de um porto dos piratas com um bar que servirá rum.

O programa musical do Festival-Mediaval varia da música de dança dos Bálcãs ao rock celta da Alemanha. O passaporte de um dia custa entre 52 e 66 euros e o de três dias, de 95 a 114 euros, e inclui falcoaria, dança medieval e participação num gigantesco cabo de guerra.

— Charly Wilder

Festival da Cerveja (Pilsen, república tcheca)

20 e 21 de setembro

Um dos melhores festivais de cerveja em pequena escala é o Slunce ve Skle ou “Sol no copo”, em Pilsen, berço da cerveja que leva o nome do lugar. “O que torna único o Slunce ve Skle é a mistura das lagers tchecas clássicas com o melhor da cervejaria artesanal moderna”, disse Mark Dredge, autor de Cervejas artesanais: uma volta ao mundo em mais de 350 rótulos, um guia de eventos cervejeiros do mundo inteiro.

O minúsculo festival acontece no pátio da cervejaria Purkmistr, que fica no subúrbio de Cernice, ao sul de Pilsen, e no vizinho parque da cidade. A combinação de lager tradicional com cervejaria moderna cria o Valhala dos amantes de cerveja, além da oportunidade de provar rótulos que provavelmente você não verá mais.Em 2018, o Slunce ve Skle apresentou o produto de 74 cervejarias de quatro países.

Os fãs de cervejas raras podem contar com um clima festivo, o aroma enfumaçado de linguiças na brasa e pratos de gulache acompanhados de cevada e malte.

História para os boêmios: Bem-vindos à cervejaria Pilsen

— Evan Rail

Feira das trufas brancas (Alba, itália)

10 de outubro a 24 de novembro

Impossíveis de cultivar e cada vez mais raras por causa da mudança das condições climáticas, as trufas brancas de Alba crescem nas florestas da região do Piemonte, no noroeste da Itália, onde os trifolao (caçadores de trufas) utilizam cães especialmente treinados para desenterrar os fungos aromáticos. No outono, multidões vão à cidade para o festival anual das trufas, La Fiera Internazionale del Tartufo Bianco d’Alba.

O coração do festival, o Mercado Mundial de Trufas Brancas de Alba, ocupa um grande pavilhão no centro. É ali que os trifolao do Piemonte levam sua mercadoria para ser inspecionada, medida, pesada, julgada e avaliada. O mercado de trufas estabelece os preços com base na qualidade e na quantidade da oferta do ano. Em 2018, ano especialmente bom por conta da estação chuvosa, as trufas foram avaliadas entre 2 mil e 3 mil euros o quilo, cerca de metade do preço normal.

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Reconhecidamente, poucos visitantes compram trufas a quilo. Mas os mercadores deixarão você acariciar e cheirar a mercadoria, que vai dos tartufi do tamanho de nozes, vendidos por menos de 150 euros, a raridades do tamanho de toranjas, com preços de três ou quatro algarismos.

Além dos vendedores de trufas, há barraquinhas cheias de produtos relacionados: pecorino trufado, salame trufado, mel e óleo com aroma de trufas, ferramentas especiais para ralar trufas e massas frescas para ralá-las por cima. Nos fins de semana, o público acorre às demonstrações culinárias, à aparição de celebridades convidadas, à prova de vinhos, à corrida de burros e à encenação histórica.

Durante o festival, as trattorias, os restaurantes locais e até barraquinhas de feira ralarão trufas em cima de quase qualquer coisa. Mas o prato preferido é o tajarin amanteigado, uma massa fina, em forma de fita. Quando o vapor sobe dos fios de massa, o aroma terroso das trufas floresce – um prazer extraordinário, mas efêmero.


— Ingrid K. Williams