As mudanças no corpo na terceira idade

Com o envelhecimento é natural que ocorram mudanças na aparência e no funcionamento do corpo – mas nem sempre para pior.

Douglas Ferreira | 8 de Novembro de 2021 às 18:00

Wavebreakmedia/iStock -

Com o envelhecimento é natural que ocorram mudanças na aparência e no funcionamento do corpo – mas nem sempre para pior. Muitas coisas podem ser feitas para minimizar as mudanças adversas, além de conservar a força e a vitalidade.

O envelhecimento fisiológico – as mudanças que ocorrem no corpo ao longo do tempo – é um processo complexo. Varia de pessoa para pessoa e também se dá num ritmo diferente no mesmo indivíduo. Assim, ainda que sua visão ou audição não estejam perfeitos, o coração e os pulmões podem estar extremamente fortes.

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Seu corpo tem grande capacidade extra – o que os cientistas chamam de “reserva funcional”. Ou seja, ele pode funcionar bem na velhice. Portanto, uma pessoa de 60 anos ativa pode estar em melhor forma – por dentro e por fora – do que uma de 30 que fuma, bebe e só come porcaria. Descubra agora o que acontece com alguns órgãos e tecidos com o passar dos anos:

Ossos, articulações e músculos

Você encolhe cerca de um centímetro por década depois dos 40 anos, como consequência de perda óssea acelerada (especialmente em mulheres na pós-menopausa), diminuição do líquido sinovial (o estofamento das articulações) e perda de tecidos e fibras musculares. Aos 75 anos, você vai ter metade dos músculos que tinha aos 25. A força reduz 1% ou 2% ao ano, e a potência muscular cai cerca de 3% a 4%, a menos que você a mantenha. Os pés ficam mais planos, e você pode parecer esquelético porque um tecido duro e fibroso substitui o músculo perdido.

A boa notícia é que os ossos e músculos são tecidos vivos, rompidos e reconstruídos ao longo da vida. Conforme se envelhece, o processo de ruptura se acelera, e perdemos massa óssea e muscular. Mas é possível minimizar isso por meio do exercício, em especial treinamento de resistência (usando pesos), ou qualquer atividade que coloque carga e esforço sobre os ossos, como caminhar, carregar sacolas, jogar tênis e squash. O mesmo vale para os músculos: embora não seja possível interromper a perda das células, o exercício de resistência minimiza o encolhimento e aumenta a força.

Força e tamanho

A gordura pode se acumular na cintura – o clássico pneu. Ainda que aos 60 anos você tenha o mesmo peso de quando era jovem, a quantidade de gordura deve ter dobrado – a menos que você sempre tenha sido ativo. O acúmulo de gordura em torno do abdômen pode ser sinal de resistência à insulina, quando o organismo produz o hormônio, mas ele não consegue controlar com eficiência os níveis de açúcar no sangue. Isso aponta para um risco de diabetes, doença cardíaca, acidente vascular cerebral e alguns tipos de câncer. Portanto, faça um check-up.

Contudo, aos 60 anos, você tende a perder gordura em outros lugares. Nos homens, a perda de peso chega cedo e pode estar ligada à queda de testosterona. Nas mulheres isso acontece por volta dos 65 anos. Dieta e exercícios podem ajudar a manter a boa forma.

Coração e pulmões

O coração encolhe – aos 70 anos, ele tem 30% menos células do que na juventude, e sua capacidade de bombear é reduzida. O número de bolsas de ar e capilares em seus pulmões diminui, e os pulmões perdem elasticidade. A capacidade aeróbica máxima – a quantidade de oxigênio que você absorve quando faz esforço – muda, e o exercício vigoroso deixa você mais ofegante. Aos 60 anos, o volume de ar residual – a quantidade de ar que resta nos pulmões após uma expiração forçada – é de cerca de 35%; aos 20, é de 20%.

A boa notícia é que, embora a perda de células cardíacas ocorra à medida que se envelhece e o coração passe por muitas mudanças, esse órgão poderoso tem o ritmo adaptado e continua batendo. Se você se exercitar bem na terceira idade, ou melhor, se você praticar exercícios aeróbicos, ajudará seu coração a lidar com as mudanças relacionadas à idade. E não fumar não só beneficia o coração, como ajuda a garantir que você mantenha uma boa capacidade pulmonar.

Fígado e Rins

Com a idade, o número de células do fígado declina, o fluxo de sangue diminui e as enzimas necessárias para a função do fígado trabalham com menos eficiência. Essas alterações significam que a eliminação de medicamentos e outras substâncias do seu organismo pode demorar mais. Enquanto isso, seus rins encolhem, por causa da perda de células e da piora na circulação, e portanto não são tão bons na filtragem dos resíduos. Isso pode levar a uma excreção desequilibrada de água e sal, o que causa desidratação. Uma função renal ruim pode resultar em hipertensão arterial, doença cardíaca e acidente vascular cerebral, enquanto o diabetes sem controle pode danificar a função renal.

A boa notícia é que o fígado tem uma formidável capacidade de regeneração, ainda mais se você moderar a ingestão de álcool. Os rins não se regeneram da mesma forma que o fígado, mas o fato de você ter dois deles significa que tem capacidade extra. Manter a pressão arterial sob controle por meio de exercício, dieta e, se necessário, medicamentos prescritos pode ajudar a função renal.

Cabelo e pele

Rugas, manchas, ressecamento e afinamento da pele são alguns dos sinais visíveis da velhice. Mas muito do que se costumava considerar envelhecimento decorre, na verdade, de danos à pele. Alterações podem levar ao ressecamento, à coceira e a um risco maior de infecções, especialmente das membranas mucosas da boca, da uretra e da vagina. Aos 50 anos, metade dos caucasianos têm cabelo grisalho. A quantidade de cabelos e pelos também diminui, embora possa acelerar nas narinas, nas orelhas e nas sobrancelhas. A queda do estrogênio nas mulheres pode fazer surgir pelos no rosto.

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A boa notícia é que alguns produtos para a pele e o cabelo podem ajudar, mas a melhor forma de manter a pele mais macia e o cabelo mais brilhante é ter uma alimentação saudável, beber bastante água e evitar expor-se demais ao sol. E você sempre pode tingir os cabelos ou deixá-los naturais e curtir essa nova fase!

Voz

As cartilagens da laringe transformam-se em ossos, e os músculos enfraquecem, deixando a voz mais grave e rouca. A voz das mulheres pode ficar mais baixa, e a dos homens, mais alta. Uma em cada cinco pessoas com mais de 65 anos têm problemas com a voz.

As alterações na voz podem ser minimizadas com treinamento e aulas de canto (experimente ler em voz alta ou cantar junto com o rádio). Ou entre para um coral: você vai se divertir e conhecer gente nova, o que pode ser benéfico. Evite gritar, para não forçar as cordas vocais.