Especialista revela como os pais podem ajudar os filhos no retorno às aulas

Volta às aulas com cuidados estabelecidos pela OMS para o retorno das atividades em sala sem comprometer a saúde de crianças e adolescentes.

Thaís Garcez | 16 de Agosto de 2021 às 19:00

Boris Jovanovic/iStock -

Desde o início da pandemia, crianças e adolescentes precisaram lidar com a suspensão das aulas. Entre as muitas incertezas, quando aconteceria a volta às aulas, em sala, era uma delas. Para contornar a situação, foram inseridas na rotina escolar as aulas on-line. Mas esse recurso jamais substituiria as salas de aula.

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Felizmente, no início deste ano, o retorno começou a acontecer gradualmente; no sistema híbrido e em algumas cidades. Já no segundo semestre, as Secretarias de Educação recomendaram que todas as escolas reabrissem. Mas, dessa vez, a volta às aulas será bem diferente de todas as outras.

As escolas precisarão estar preparadas para receber os alunos obedecendo às normas de segurança da OMS. Os alunos, por sua vez, deverão respeitar as orientações de distanciamento social e o uso de máscara e álcool em gel. Entretanto, sabemos que, na prática, não será tão simples assim.

Além da falta de estrutura básica de algumas escolas, principalmente da rede pública, muitos alunos chegarão com defasagem no ensino. Faz-se necessário levar em conta problemas de fundo emocional, tanto do corpo docente quanto discente. Será um desafio para o que resta do ano letivo e para os anos seguintes.

Reflexos da pandemia na vida escolar

Apesar das aulas on-line, muitos alunos não conseguiram acompanhar e progredir nos estudo por inúmeros motivos. (Imagem: Ridofranz/iStock)

Quando a rotina de estudos passou a ser um compromisso não só da escola, mas também da família, as dificuldades surgiram como uma avalanche. Afinal, os pais precisariam dividir seu tempo com o trabalho, os afazeres da casa e também com a educação das crianças e dos jovens.

Durante a quarentena, acostumar-se a essa nova realidade foi complicado para muitas famílias. Além disso, muitas outras tiveram de lidar com diversos obstáculos, como a falta de acesso à Internet e de um espaço adequado para os estudos. Foram vários percalços que afetaram diretamente o aprendizado.

Mas outros fatores também influenciaram negativamente a vida dos alunos, como a falta de socialização, que é um componente comum do espaço escolar. De acordo com a diretora pedagógica do Colégio Joseense, em São José dos Campos, Rogéria Sprone, “Com o retorno dos alunos, percebemos que houve grande prejuízo no aspecto emocional, pois crianças e adolescentes complementam o processo da socialização na escola. Observamos que a falta do convívio com os amigos no colégio foi uma das maiores queixa entre os nossos estudantes.”

Portanto, presume-se que a questão da saúde mental de crianças e adolescentes também precisa ser levada em conta. O período pandêmico ainda presente tem deixado marcas e traumas que afetam diretamente o rendimento escolar, a aprendizagem e a motivação para o estudo.

Como acolher os alunos e seus traumas

Além das possíveis dificuldades em retornar à rotina de estudos, muitos alunos precisarão lidar com os traumas da pandemia. (Imagem: lightspeedshutter/iStock)

Sem dúvida, o grupo de alunos que deixou as escolas em 2020 não será o mesmo que retornará agora, no segundo semestre de 2021. Pois muitas crianças e jovens precisaram aprender a lidar com sentimentos que antes não faziam parte da sua rotina, como a perda, o estresse, a ansiedade, o cansaço e até a depressão.

Então, como receber esses novos estudantes nessa retomada das aulas presenciais? Para a pedagoga Rogéria, é fundamental que haja uma parceria entre os pais e a escola, a fim de minimizar os impactos e compreender as dificuldades.

“O papel da escola neste momento é de acolhimento. O constante diálogo entre a equipe escolar, alunos e responsáveis é essencial para diagnosticar algum sofrimento psíquico, já que o ambiente escolar é o segundo maior espaço de convívio de crianças e adolescentes. Neste momento, o papel do educador também é escutar para entender o que cada aluno está passando e como podemos ajudá-lo”, afirma.

Rogéria Sprone aponta ainda que nesta etapa inicial da volta às aulas pôde perceber que crianças e adolescentes demonstraram um grande receio em perder algum familiar. Deixando claro, portanto, que será necessário um acompanhamento próximo de todos que possam apoiar e amenizar esse impacto emocional.

O papel dos pais neste momento

É fundamental que as crianças e os adolescentes sintam nos pais a segurança para retornar à vida escolar. (Imagem: evgenyatamanenko/iStock)

Se antes a preocupação dos alunos era apenas tirar boas notas e passar de ano, agora, eles precisarão estar atentos a outro problema: a contaminação por Covid-19. São hábitos do seu dia a dia que eles deverão replicar também na escola. Ou seja, respeitar o distanciamento social, usar máscaras, não compartilhar alimentos, usar álcool em gel etc.

Mas, para que tudo corra bem e os danos sejam os menores possíveis, tanto para a saúde física como para a saúde mental, é preciso que os pais participem junto com a escola do reforço dessas orientações. Os responsáveis precisam transmitir aos seus filhos segurança, para que eles retornem às aulas sem medo.

Além disso, é importante que os responsáveis mantenham os cuidados também com a aprendizagem dos seus filhos. “É muito importante que, neste retorno das aulas presenciais, a família acompanhe bem de perto a vida escolar do aluno. Sempre mantendo contato com os professores para que as possíveis lacunas na aprendizagem ou emocionais sejam detectadas. Família e escola precisam estar alinhadas nesse processo, a fim de auxiliar o aluno nessa nova realidade”, orienta Rogéria Sprone.

Apesar desse grande passo ter sido dado, não é hora de amenizar os cuidados. Afinal, crianças e adolescentes precisam se adaptar à nova rotina também no ambiente escolar. E o apoio dos pais, para que o processo seja satisfatório e o mais leve possível, é essencial.