Conheça os tipos de demência e seus principais sintomas

Existem alguns tipos de demência que podem afetar a memória, a locomoção e até a fala. Saiba mais detalhadamente quais são e como evitá-los.

Thaís Garcez | 5 de Dezembro de 2019 às 20:00

3DSculptor/iStock -

Há uma tendência a se associar demência aos idosos e encaramos a doença como parte do processo natural de envelhecimento. De fato, com frequência, ela é incorretamente referida como “demência senil”, um reflexo da visão disseminada e equivocada de que o declínio mental grave é parte normal do envelhecimento. Porém, há outros tipos de demência e suas particularidades.

A demência não é uma doença específica, mas um termo utilizado para descrever uma gama de sintomas que afetam o cérebro, causando perda de memória, confusão e desvio de personalidade. Pode afetar pessoas de todas as idades, mas a faixa etária é o fator de risco mais importante – cerca de uma em cada 50 pessoas entre os 65 e 70 anos apresenta alguma forma de demência, e a razão aumenta para uma em cada cinco pessoas após os 80 anos. Os genes podem ter um papel importante também, particularmente no início precoce da doença de Alzheimer.

O que pode causar demência?

Danos às células nervosas no cérebro, nas fibras conectoras ou uma quantidade reduzida de transmissores químicos no cérebro.

Conheça cada um desses tipos de demência detalhadamente a seguir.

1.  Alzheimer 

A doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência e afeta a memória, o pensamento, a linguagem e o raciocínio. À medida que as células são progressivamente destruídas, a doença se torna cada vez mais debilitante. O cérebro de alguém que sofre de Alzheimer é caracterizado por uma atrofia bem marcada – ele parece ter “murchado” dentro do crânio. Isso é resultado de níveis reduzidos do neurotransmissor acetilcolina e do aparecimento de placas e emaranhados nos circuitos neurais, os quais se acredita que “desconectem” as áreas responsáveis pelo armazenamento e o processamento de informação.

A doença de Alzheimer não tem cura, nem os sintomas podem ser revertidos, mas é possível atenuá-los. 

Você corre risco? 

Ainda não se sabe exatamente o que causa a doença de Alzheimer, mas fatores genéticos, ambientais e estilo de vida estão relacionados. Eis alguns possíveis fatores de risco. 

Pessoas acima de 65 anos apresentam maior risco, que aumenta a cada década seguinte. 

Os genes também têm um papel proeminente. Um gene específico, chamado apolipoproteína E4 (ApoE4), está fortemente associado ao Alzheimer – embora nem todo portador do gene vá ter a doença e ela possa se desenvolver em pessoas que não são portadoras. 

A doença afeta mais mulheres do que homens, mas possivelmente porque elas vivem mais. Os homens estão mais propensos a ter a demência vascular, que provavelmente está relacionada ao maior nível de fatores de risco cardiovasculares como doenças cardíacas e hipertensão arterial. 

Outros possíveis fatores de risco incluem hipertensão arterial prolongada, histórico de trauma na cabeça e obesidade, embora não haja evidências substanciais. 

Quais são os sintomas? 

Perda de memória, confusão, desorientação, dificuldade de completar atividades simples ou rotineiras, mudanças de humor, isolamento social, diminuição do senso crítico e dificuldade em tomar decisões.

Os sintomas posteriores incluem ansiedade ou raiva em resposta a mudanças ou ao estresse, dificuldade para se vestir e comer, conversas repetitivas, incapacidade de achar a palavra correta, problemas com leitura e escrita, dificuldade em reconhecer pessoas, distúrbios do sono, perambulação e ilusões.

O estágio avançado ocasiona perda de peso, incontinência e completa dependência de um cuidador. 

Como é diagnosticada? 

A doença de Alzheimer (e outras formas de demência) é difícil de ser diagnosticada porque muitos dos sintomas podem ser associados a outras doenças. Um exame minucioso pode envolver um teste neuropsicológico, exames de sangue, consultas a especialistas (como um psiquiatra, um neurologista ou um geriatra) e conversas com a família.

Alguns tipos de demência apresentam sinais neurológicos, padrões de surgimento e taxas de progressão diferentes das relacionadas ao Alzheimer, e o descarte delas auxilia na confirmação do diagnóstico. Além disso, os médicos normalmente vão realizar exames como tomografia computadorizada (TC) ou imagens de ressonância magnética (IRM) do cérebro. Além de descartar causas de declínio cognitivo (como derrames, sangramento ou tumores cerebrais), a presença de encolhimento do hipocampo e dos lobos parietal e temporal é sugestiva de doença de Alzheimer.

Alguns tipos de PET scan (tomografia por emissão de pósitrons) podem mostrar o metabolismo de glicose alterado nas mesmas regiões do cérebro e, também, dar suporte ao diagnóstico.

Pesquisadores vêm trabalhando para desenvolver ferramentas de diagnóstico mais eficazes, incluindo técnicas de imagem cerebral mais sofisticadas e um exame que mede os níveis de proteínas no líquido cerebrospinal que estão associadas à doença de Alzheimer. 

Qual é o tratamento?  

Algumas demências são solucionadas quando se trata a causa – por exemplo, a retirada bem-sucedida de um coágulo sanguíneo ou de um tumor cerebral. No entanto, o dano ao cérebro causado pelo Alzheimer não pode ser reparado. O tratamento, portanto, tem como objetivo desacelerar a progressão e dar apoio ao paciente e à sua família. Embora não exista ainda uma cura para o Alzheimer, há uma vasta quantidade de novos conhecimentos sobre como aliviar os primeiros sintomas e, possivelmente, adiar o início da doença.

Em estágios moderados, o Alzheimer pode ser tratado com um grupo de fármacos chamado anticolinérgicos, que aumenta a quantidade de acetilcolina – uma substância química que ajuda a transmitir os sinais nervosos – no cérebro. Essa medicação pode melhorar a memória e a capacidade mental em algumas pessoas.

O diagnóstico precoce é fundamental para que o indivíduo aproveite o máximo dos tratamentos e tenha tempo para planejar o futuro. 

2. Demência Vascular 

A demência vascular é a segunda forma de demência mais comum nos idosos. O dano é causado pelo estreitamento das artérias (e pela falta de oxigênio) no cérebro. Pode ser consequência de um grande derrame ou de miniderrames (ataques isquêmicos transitórios) ou de danos crônicos a pequenos vasos sanguíneos no cérebro.

 

O grupo de risco inclui fumantes, hipertensos, diabéticos, cardíacos e pessoas com colesterol alto. A doença vascular também aumenta o risco de Alzheimer. Os problemas causados pela demência vascular dependem da parte do cérebro afetada e da gravidade do dano ao vaso sanguíneo.

Os sintomas podem incluir diminuição da velocidade do pensamento, concentração precária e dificuldades em encontrar a palavra correta, solucionar problemas, planejar e organizar. Pode haver também sinais de confusão e depressão. 

Qual é o tratamento?

Embora não haja cura para a demência vascular, sua progressão pode ser desacelerada ao: 

3. Demência Frontotemporal 

É a segunda causa mais comum de demência em pessoas mais novas, principalmente na faixa dos 50 anos. Pode gerar grandes dificuldades na expressão da linguagem ou mudanças significativas nas funções cognitivas, na personalidade, na dieta e nos comportamentos social e sexual. 

4. Demência com Corpos de Lewy

Esse tipo de demência apresenta muitas semelhanças com a doença de Alzheimer. Os sintomas incluem grandes mudanças na cognição e nos movimentos. Alucinações visuais são comuns, e a progressão é razoavelmente rápida. 

5. Comprometimento Cognitivo Leve

O comprometimento cognitivo leve (CCL) é mais do que simplesmente o esquecimento normal relacionado à idade, mas menos complexo do que a demência em si. Acredita-se que uma em cada seis pessoas acima de 70 anos seja afetada, tendo problemas com a memória, a linguagem ou outras funções mentais, mas não em um grau que interfira na vida diária.

Cerca de metade dos portadores de CCL desenvolve demência (normalmente Alzheimer) em cinco anos após o diagnóstico. Trata-se de um período importante para implementar um estilo de vida saudável e outras estratégias que possam desacelerar o processo de declínio cognitivo. 

6. Parkinson 

A doença de Parkinson, um distúrbio neurológico, é causada pela diminuição na produção de dopamina no cérebro. Ela se desenvolve quando as células cerebrais em parte do tronco encefálico morrem. Isso provoca um desequilíbrio entre duas substâncias químicas vitais, a acetilcolina e a dopamina, que são responsáveis por enviar mensagens à parte do cérebro que coordena os movimentos. Os níveis de dopamina caem, o que produz os penosos sintomas de tremor e rigidez muscular. 

Quais são os sintomas?  

Os sintomas são leves nos estágios iniciais e, em geral, atribuídos ao envelhecimento. Quando finalmente o diagnóstico chega, o paciente já pode ter perdido mais da metade das células que produzem dopamina, o que acentua os sinais. Alguns dos sintomas são: 

Em estágios mais avançados: dificuldade em falar, comer e engolir. Alguns pacientes podem desenvolver demência. 

O Parkinson piora com o tempo, por isso é chamada de “doença degenerativa”. É mais comum em pessoas acima de 55 anos, embora também possa afetar os mais jovens.

Algumas pessoas convivem com esse distúrbio por muitos anos e apresentam apenas sintomas leves. Por isso, não pense no pior se o seu diagnóstico for positivo. 

Você corre risco? 

Os cientistas não sabem por que as pessoas desenvolvem a doença de Parkinson, mas acredita-se que se deva a uma combinação de fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida. Além disso, ela parece ser mais comum em homens do que em mulheres. 

Como é diagnosticada?  

A doença de Parkinson pode ser de difícil diagnóstico, pois ainda não existem testes clínicos definitivos. O primeiro sinal pode ser um leve tremor ou dificuldade de manipular uma caneta (a caligrafia em geral fica menor) por causa dos efeitos da doença nas habilidades motoras finas.

O médico vai realizar exames neurológicos que podem incluir a observação do paciente ao sentar-se, levantar-se, andar e estender os braços, bem como verificar o equilíbrio e a coordenação motora. Exames como o SPECT scan (tomografia computadorizada por emissão de fóton único) podem detectar a deficiência de dopamina, e a ressonância magnética em geral é necessária para descartar outras doenças. 

Qual é o tratamento?  

O Parkinson, em geral, é tratado com medicamentos, como a levodopa, que é convertida em dopamina no cérebro. Alguns pacientes podem precisar de medicamentos combinados. Para casos graves, técnicas cirúrgicas também podem ajudar: a mais comum é a estimulação cerebral profunda (ECP), que pode auxiliar a aliviar sintomas como tremores e movimentos mais lentos.

Um fio fixado a um dispositivo semelhante a um marca-passo é colocado no cérebro. O dispositivo é implantado na parede torácica e gera uma pequena corrente elétrica, que estimula a parte do cérebro afetada. 

Redução de riscos  

É quase impossível prever quem vai desenvolver a doença de Parkinson. Pesquisadores em todo o mundo buscam compreender quais são as condições que podem reduzir os fatores de risco, mas nada foi comprovado até o momento. 

Estudos observaram que fumantes têm risco reduzido de doença de Parkinson, o que não significa que você deva começar a fumar – os perigos são muito maiores do que quaisquer possíveis benefícios! Estudos clínicos têm analisado os efeitos positivos da nicotina. 

Alguns estudos mostraram que pessoas que tomam café regularmente ou fizeram uso regular do anti-inflamatório ibuprofeno podem ser menos suscetíveis à doença. 

Muitos pacientes com Parkinson têm carência de vitamina D. Mantê-la em níveis saudáveis pode diminuir os riscos.


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