Síndrome metabólica: eliminar o estresse salva vidas

O estresse pode ser a causa da perigosa combinação que coloca a vida em risco. Confira 7 passos para combater o estresse e a síndrome metabólica.

Redação | 29 de Outubro de 2018 às 16:00

onsuda/iStock -

Há anos os médicos afirmam que a melhor forma de proteger a saúde é controlar a pressão arterial, o colesterol, o peso e os níveis de glicose. Mas, com qual destes fatores deve nos preocupar mais? Os pesquisadores descobriram que o maior mal não é um fator individual, e sim a combinação de todos eles. Além disso, o estresse pode ser o acionador dessa combinação, chamada “síndrome metabólica”, que é um dos maiores fatores de risco para doenças cardiovasculares.

Expondo macacos de laboratório a estresse, os cientistas da Universidade Wake Forest descobriram que um grande número desenvolveu a síndrome metabólica. Já uma equipe da Universidade de Yale descobriu, nas mulheres, um elo entre o estresse psicológico crônico e o acúmulo de gordura na área abdominal.

O efeito dominó do estresse

Os cientistas acreditam que o estresse aciona um efeito dominó no sistema endócrino. O processo começa no cérebro – no hipotálamo, que envia mensagens para a glândula mais importante do organismo, a pituitária. Ela dá o sinal às glândulas supra-renais para que secretem doses exageradas de cortisol, o hormônio do estresse. Isso pode resultar em acúmulo de gordura na área abdominal e níveis elevados de insulina, níveis altos de açúcar no sangue, pressão alta e outros problemas.

Estima-se que, só nos grandes centros urbanos brasileiros, de 10% a 15% da população apresente sinais de síndrome metabólica. O Dr. Per Björntorp culpa o estresse prolongado e a forma como reagimos a ele – fumando, comendo e bebendo em excesso. O aspecto genético também conta, mas é possível combater um histórico familiar de doença adotando um estilo de vida equilibrado. Aqui estão algumas maneiras de começar:

Os 7 passos para combater o estresse e a síndrome metabólica

1 Controle o seu humor

Ter um comportamento hostil e irritado constante pode levar a doenças e também é perigoso depois da doença cardiovascular já estar instalada. O Dr. Murray Mittleman, do Centro Médico Beth Israel Deaconess, entrevistou 1.623 pessoas que haviam sofrido enfarte nos quatro dias anteriores. O número de enfartes dobrava quando nas duas horas anteriores ao ataque o indivíduo tinha sentido raiva.

Se o nível de estresse estiver alto a ponto de você começar a agredir as pessoas, o Dr. Mittleman sugere: “Pergunte a si mesmo: ‘Vale a pena ter um enfarte por causa disso?’”

2 Eleve o astral

Há anos vêm aumentando as provas de que existe uma ligação entre depressão e maior risco de enfarte. No início da década de 80, pesquisadores do Hospital Johns Hopkins entrevistaram 1.551 indivíduos saudáveis e repetiram a entrevista 14 anos depois. O número daqueles que sofreram um enfarte nesse período foi quatro vezes maior entre os que, na segunda entrevista, relataram haver experimentado episódios de depressão séria.

O exercício é um antidepressivo frequentemente esquecido. Em uma pesquisa da Universidade Duke, 60% das pessoas deprimidas que faziam caminhadas por 30 minutos, ou praticavam corrida, pelo menos três vezes por semana, não apresentavam sinais de depressão depois de 16 semanas.

3 Perca a barriga

Há mais de 50 anos, o cientista francês Jean Vague observou que as pessoas com acúmulo de gordura na parte superior do corpo (com formato de maçã em vez de pêra) com frequência apresentavam doenças cardíacas, diabete e outras enfermidades. Somente após o surgimento da tomografia e da ressonância magnética, porém, os médicos descobriram que um tipo especial de gordura – a gordura visceral – localizada no abdome, estava ligada a essas doenças.

Segundo as pesquisas, os problemas se desenvolvem quando a medida da cintura da mulher ultrapassa 90 centímetros e a do homem 100 centímetros. Qualquer que seja o peso.

Felizmente, a gordura do tipo “maçã” é queimada com mais rapidez. Isso ajuda a explicar por que perder apenas 5% ou 10% do peso pode estabilizar ou reverter outros fatores da síndrome metabólica. Nutricionistas recomendam dieta rica em grãos integrais, frutas e legumes, e pobre em gordura saturada, colesterol, sal e açúcar refinado.

4 Diminua o álcool

Quem bebe moderadamente têm menos probabilidade de desenvolver a síndrome metabólica. Em parte, isso ocorre porque carregam mais gordura abdominal. Numa pesquisa sueca, descobriu-se que os homens alcoólatras tinham 48% da gordura concentrada no abdome e os abstêmios apenas 38%.

5 Abandone o tabagismo

Fumar é perigoso por vários motivos além do câncer de pulmão e do enfisema. Uma pesquisa revelou que 60 minutos após fumar o organismo ainda apresenta níveis elevados de cortisol; o que provoca acúmulo de gordura abdominal.

6 Evite o excesso de cafeína

O consumo moderado de cafeína não parece ser prejudicial à maioria das pessoas. No entanto, estudos recentes sugerem que homens com pressão alta e histórico familiar de hipertensão tomando muito café e se submetidos a estresse profissional, podem apresentar um perigoso aumento da pressão arterial.

7 Por fim, mantenha seu metabolismo ativo

A nova compreensão sobre as doenças foca o metabolismo, que é a soma das reações físico-químicas necessárias para o corpo. Essa abordagem revela que um perfil metabólico saudável tem mais importância do que outros fatores isolados.

Numa pesquisa japonesa, um grupo de homens foi submetido a um programa de exercícios de baixa intensidade por um ano. Embora esses indivíduos não tenham perdido peso, a saúde metabólica (medida pela forma como o organismo usa a insulina) progrediu. Portanto, se você estiver se exercitando sem perder peso, não desista. E, mesmo que sua família tenha um histórico de saúde cardiovascular, você precisa exercitar-se regularmente.

Como observa Glenn A. Gaesser, professor da Universidade da Virgínia: “A saúde metabólica é uma das melhores garantias contra doenças cardíacas, acidente vascular cerebral e diabetes.”

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