10 dicas para ajudá-lo a decifrar as informações do rótulo de alimentos

Saber ler corretamente os rótulos de alimentos é uma questão de saúde. Saiba o que você deve olhar antes de comprar um produto.

Thaís Garcez | 10 de Julho de 2020 às 19:00

A indústria alimentícia gostaria que você acreditasse que comprar comida é uma questão de preço e conveniência. Mais importante, porém, é que comprar comida tem a ver com sua saúde e a de sua família. Pense nas suas compras como votos. Ao escolher ou recusar-se a comprar certos produtos, você pode votar a favor ou contra o uso de pesticidas, fertilizantes químicos, conservantes e antibióticos. E você pode ter acesso a todas essas informações no rótulo de alimentos. Mas será que você entende o que está escrito no rótulo de alimentos? Confira abaixo 10 dicas que irão ajudá-lo:

1 – Não acredite nas indicações

Pense duas vezes nas afirmações do tipo “sem colesterol” e “90% sem gordura”. O colesterol é uma gordura existente apenas em produtos animais – carnes, peixes, ovos e leite. Assim, por que tantos produtos à base de vegetais trazem no rótulo a ressalva “sem colesterol”? Porque as empresas de alimentos sabem que as pessoas estão preocupadas com seus níveis de colesterol e que poucas se dão conta de que os vegetais não contêm essa substância.

2 – Prefira listas de ingredientes curtas

Uma longa lista muitas vezes significa que o produto é altamente industrializado e abarrotado de aditivos. Alguns desses aditivos terão pontos positivos. Conservantes, por exemplo, ajudam a manter o alimento seguro, prevenindo a proliferação de bactérias que podem causar intoxicação alimentar. Sem os emulsificantes e os estabilizantes, não seria possível fabricar produtos como cremes de baixo teor de gordura. Mas alguns aditivos alimentares, em especial os corantes artificiais, já foram associados a problemas de saúde, como hiperatividade, alergias e asma.

3 – Aprenda sobre os aditivos

Em geral, realizam-se exames rigorosos em aditivos alimentares antes de serem aprovados para consumo. Mas, ainda assim, você precisa ter cuidado com as seguintes substâncias, que já causaram problemas para algumas pessoas:

A preocupação com corantes artificiais têm levado alguns fabricantes de alimentos a deixarem de usá-los, o que não quer dizer que não acrescentem cor aos seus produtos para torná-los mais atraentes. Para isso, usam corantes naturais – entre eles o E100, corante amarelo derivado da cúrcuma, e o E162 (betanina), corante vermelho extraído da beterraba. Reações adversas a esses corantes são raras, mas ocorrem, então vale a pena evitar alimentos com aditivos desnecessários.

4 – Aprenda o significado de “orgânico”

Existe uma confusão considerável em torno do termo “orgânico”. De uma maneira muito ampla, cultivar alimentos de forma orgânica significa não usar fertilizantes e pesticidas químicos, radiação e sementes geneticamente modificadas. Os animais devem ser criados unicamente com alimentos orgânicos e sem nenhum subproduto de origem animal, além de não receberem hormônios ou antibióticos.

É permitido aos fabricantes de produtos orgânicos incluir até 5% de ingredientes não-orgânicos em seus alimentos. Se ingredientes orgânicos compõem apenas de 70% a 95% do produto, esse produto não pode receber o rótulo de “orgânico”.

Os pesticidas são amplamente usados em frutas e hortaliças, mas pode-se evitar traços deles na comida, comprando orgânicos. Se você tiver um orçamento apertado, vale a pena saber que a quantidade de produtos químicos usada nos diferentes cultivos varia muito; assim, concentre os seus recursos na compra de maçãs orgânicas, peras, batatas, cenouras, espinafre, alface e frutas macias, mas não se preocupe tanto com bananas, brócolis, couve-flor, cebolas, ervilhas ou laranjas que não foram cultivados organicamente.

5 – Desconfie dos produtos “naturais”

O uso de palavras como “natural”, “puro” e “fresco” nos rótulos é algo ainda mais inespecífico do que identificar um produto como orgânico. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não prevê em sua legislação o uso destas expressões nos produtos por ela regulamentados.

6 – Não compare por “porção”

A resolução da Anvisa que rege a rotulagem de alimentos determina que o fabricante forneça as informações nutricionais por porção e, opcionalmente, por 100 g ou 100 ml. No caso das porções, lembre-se de que a sua ideia de “uma porção” pode ser bem diferente da do produtor. Se você quiser comparar o conteúdo nutricional de dois produtos similares –descobrir qual tem o maior teor de fibras ou a menor quantidade de sal, por exemplo –, verifique se essas informações se baseiam em medidas exatas.

7 – Vá atrás do termo “integral”

Departamentos de marketing sabem que hoje os compradores estão sempre interessados em produtos integrais. Mas não pense que é isso que está levando para casa ao comprar algum alimento rotulado “semi-integral”.

8 – Verifique os rótulos dos cereais

Se você quiser um cereal matinal saudável e não um que apenas se classifique dessa forma, dê uma boa olhada no que há dentro dele. Deve haver alguns ingredientes básicos e não uma longa lista de aditivos. Procure um grão integral como componente principal e certifique-se de que não haja adição de açúcar. A seguir verifique o rótulo de nutrientes. Um bom cereal deve conter pelo menos 3 g de fibras por porção recomendada.

9 – Cuidado com a injeção de água

Talvez você não saiba, mas algumas empresas mal-intencionadas injetam água nas carnes para acrescentar peso e, assim, aumentar o lucro de venda de seus produtos. A legislação brasileira proíbe essa prática de adição de água a carnes in natura, mas prevê algumas exceções. Nos produtos temperados, como frangos, perus e cortes de carne, permite-se, respectivamente, a injeção de 20%, 25% e 10% de uma mistura líquida chamada de salmoura temperada, que acrescenta sabor ao alimento.

Além disso, no caso dos frangos inteiros, admite-se o acréscimo de 6% de água, adicionados durante a etapa de resfriamento de sua carcaça. É importante ficar atento, pois o acréscimo de percentuais maiores do que os descritos nas embalagens é ilegal e constitui crime contra o consumidor.

10 – Examine a embalagem em busca de MSG

Percorra a lista em busca de MSG (glutamato monossódico). Às vezes ele é listado sob outros nomes: proteína vegetal hidrolisada, caseinato de sódio ou proteína texturizada. O MSG é a versão sintética do umami, como é conhecida no Japão uma especiaria que aparece naturalmente em alguns alimentos como o molho de soja (shoyu), cogumelos e queijo parmesão. O MSG costumava ser usado na culinária oriental, mas passou a ser malvisto depois de ser associado a episódios de dor de cabeça e outros sintomas desagradáveis. Mas a indústria alimentícia ainda gosta de usar um pouquinho, sorrateiramente, quando pode.