FoGO: conheça a fobia social causada pela quarentena

Entenda melhor o Fear of Going Out, ou Medo de Sair, que tem afetado muitas pessoas durante a pandemia. Saiba como identificar essa fobia social.

Thaís Garcez | 3 de Julho de 2020 às 12:00

wutwhanfoto/iStock -

Fear of Going Out (FoGO), ou Medo de Sair, é o sentimento que vem sendo relatado com frequência nos consultórios virtuais de psicólogos e psiquiatras. Nem todo mundo anseia sair de casa, e muitos não querem nem pensar em colocar os pés na rua. Os motivos são vários. E esse comportamento poderia ser apenas compreensível, devido à atual situação mundial, se não representasse indícios de uma fobia social.

Analisando o contexto atual

É fato que nem todo mundo pôde cumprir fielmente a quarentena. Médicos, enfermeiros, funcionários de restaurantes e comércios essenciais, entre outros, precisaram continuar trabalhando. Mesmo seguindo as normas de prevenção, como o uso de máscaras e a esterilização das mãos com álcool gel, o risco nunca deixou de existir. Entretanto, há uma parcela da população que não se enquadra nesse cenário – da necessidade de trabalhar diariamente fora de casa – que preferiu ignorar as orientações e seguir com sua vida “normal”. 

O Fear of Going Out tem relação com outra síndrome do mundo moderno: o Fear of Missing Out (FoMO), ou seja, o medo de estar perdendo algo que está acontecendo naquele momento. Descubra como identificar os sintomas!

Essas pessoas que estão expostas diariamente têm a maior probabilidade de serem contaminadas e, possivelmente, transmitir para outras. Por isso, aqueles que permanecem em casa, por motivos diversos, sentem que não estão seguros nas ruas, nos elevadores, em nenhum lugar que não seja o seu lar. Porém, parte desses temerosos, mesmo conscientes dessa realidade, não se deixa dominar pelo medo, se protege e sai para as atividades necessárias, como ir ao mercado, por exemplo. Outros adiam esse encontro com a sociedade e fomentam um medo irracional.

Quando o medo se torna uma fobia social 

A quarentena nos proporcionou uma rotina caseira que foge completamente da realidade agitada e de muita cobrança – tanto no trabalho como socialmente – do mundo contemporâneo. Quem já não era simpatizante das aglomerações e socializações não tem se incomodado com a nova vida. Mas o fato é que ninguém está livre de sentir o medo de sair; nem mesmo aqueles que passavam poucas horas em casa. Todo mundo está sujeito a desenvolver uma fobia de se relacionar ou estar próximo de outras pessoas.

Quem convive com o medo de sair geralmente carrega um sentimento intenso de ansiedade, um pavor de ser contaminado por covid-19, de morrer ou passar para a família. Além disso, desenvolve um grande estresse ao pensar em voltar ao ambiente de trabalho, usar transportes públicos e até mesmo ficar em filas. Profissionais da saúde acreditam que o período da pandemia ocasionará um aumento nos casos de transtornos de ansiedade e síndrome do pânico. Por isso, é preciso estar atento aos sinais, pois o medo é um sentimento normal, mas, quando paralisa a pessoa, é preciso buscar ajuda especializada.

Por Thaís Garcez