Noel: o gambá de estimação que trouxe mais amor ao lar

No Natal de 2006, minhas três filhas e eu lembrávamos de suas façanhas quando crianças, e a mais velha recordou que sempre quis ter um gambá, o que nos

Julia Monsores | 11 de Setembro de 2019 às 21:00

JasonOndreicka/iStock -

No Natal de 2006, minhas três filhas e eu lembrávamos de suas façanhas quando crianças, e a mais velha recordou que sempre quis ter um gambá, o que nos fez rir muito. Desde pequena elas aprenderam a respeitar e a amar a natureza, pois sempre fui apaixonada por animais. Não consigo ignorar o abandono e o sofrimento dos bichinhos de rua aqui de Porto Alegre. Por isso, tenho alguns comigo que, bem tratados, se transformaram em animais lindos. 

Um presente de Natal

Já na véspera do Ano-novo, nos reunimos novamente. Quando minha filha mais velha chegou da praia, trazia uma caixinha. Não imaginávamos que era a sua “caixinha de sonhos”. Dentro, bem pequenininho, com o focinho branco, estava um gambazinho. Ele parecia fraco, talvez por falta de alimento, e quase conseguia se esconder na palma da mão. Seus olhos assustados me olharam como se pedissem socorro.

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Minha filha o encontrou próximo do trabalho, mas não poderia cuidar dele, por causa de seus horário conturbado. Então, como sempre, “sobrou” para mamãe! Por ele ter chegado perto do Natal, decidimos chamá-lo de Noel. Nosso presente!

No início fiquei muito perdida. Não sabia nada da vida desse tipo de bichinho. De repente, eu, que só entendia de gatos, me vi tendo de cuidar de um gambá. Mas, depois do choque inicial, eu e minhas filhas procuramos informações sobre esses masurpiais na Internet. Ficou evidente que pouco se sabe sobre eles. Ainda mais, domesticados.  

Decidi agir como fazia com os gatos novinhos. Para alimentá-los, dei uma mamadeira de leite condensado, creme de leite, mel e gema de ovo. Colocava a mistura numa seringa pequena e dava na boca deles. Conforme o tempo foi passando, Noel já conhecia meu cheiro, minha voz e sabia quando eu me aproximava, quando era a hora do “papazinho”, como eu falava. Quando eu colocava a mão dentro de sua caixa, ele corria e subia no meu braço, onde enrolava o rabinho, se alojando em meu ombro. 

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Eu gostava de fazer experiências com Noel para descobrir quem era essa criaturazinha tão diferente. Certa vez, soltei-o no corredor. Ele andava um pouco e olhava para mim e, assim, ia se distanciando, mas sempre voltando. Depois de certo tempo tamborilei com a ponta dos dedos no chão e o chamei pelo nome.. Então… Surpresa! Ele voltou correndo, subiu pelo meu braço e ficou ali. 

A hora de dizer adeus

O tempo passava e eu sabia que estava chegando a hora de devolver-lhe a liberdade. Mesmo quando eu cantava e ele me ouvia com visível interesse, dando preciosas lambidas em meu rosto, e que demonstrasse tanto carinho e confiança em mim, eu sabia que o adeus estava próximo. Ele devia estar com quase 5 meses, talvez chegando à fase adulta. Precisava encontrar outros de sua espécie.

Então, certa manhã, depois de um banho perfumado, Noel estava lindo e forte! Pronto para ser entregue a um sítio onde seria ensinado a ser independente, a procurar a própria comida e a se integrar a outros gambás. 

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Foi um momento difícil para mim, mas, dentro do carro, fui cantarolando e ele me escutando como sempre, aconchegado na minha mão. Nos despedimos. 

Eu sabia que esse pequeno gambá havia aprendido muito sobre os seres humanos. Quando minha lágrima caiu sobre seu pelo lustroso eu sabia que ele havia entrado na minha vida só para confirmar o que eu já suspeitava: que todos os animais, independente de sua natureza, merecem nosso respeito. 

Carmen Barcellos

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