Alimentos saudáveis: 6 produtos que enganam

Quando você pensa em alimentos saudáveis, quais vêm a sua mente? Muitos deles podem parecer saudáveis, mas na verdade não são.

Pryscilla Casagrande | 11 de Maio de 2021 às 15:00

Austin Kehmeier/Unplash -

Quando você pensa em alimentos saudáveis, quais vêm a sua mente? Talvez frutas, legumes, verduras, certo? Mas além desses, quais alimentos já consumiu acreditando que trariam benefícios ao organismo? 

Você provavelmente já deve ter substituído a maçã do lanche da tarde pela barrinha de cereal alguma vez, ou comprado um suco de caixinha porque a embalagem prometeu que ele era 100% natural. Produtos como esses exigem cuidados por parte do consumidor, porque fazem parte de um grupo de alimentos que podemos chamar de “falsos saudáveis”.

Eles foram inseridos no imaginário popular, sobretudo, pela indústria para nos fazer acreditar que produtos industrializados podem fazer parte de uma rotina de alimentação saudável. Enquanto os fabricantes ganham muito com essa ideia, os consumidores caem em armadilhas que podem, inclusive, trazer riscos à saúde se o consumo não for controlado.

Um dos meus principais objetivos, atuando no Centro de Competência de Alimentação e Saúde da PROTESTE, é informar o consumidor brasileiro sobre alguns mitos relacionados à alimentação – principalmente em relação aos alimentos processados e ultraprocessados.

Como parte desse propósito, nesta edição da coluna Pró-Saúde vou comentar sobre alguns dos falsos alimentos saudáveis mais comuns. Assim, você, leitor, poderá escolher de forma mais consciente quais itens devem entrar na sua casa e quais podem ser deixados nas prateleiras.

O que são alimentos saudáveis?

Não existe uma definição exata elaborada pelos órgãos reguladores (como a Anvisa, por exemplo) sobre o que ou quais seriam os alimentos saudáveis. Por isso, talvez a melhor forma de pensar uma rotina saudável de alimentação seja compreender o que você não deve consumir.

Leia também: 13 alimentos ricos em sódio que você deve evitar

Alimentos com muito sódio, açúcar, corantes e gordura, por exemplo, não são saudáveis e, quando consumidos em excesso, podem fazer mal à saúde. O problema é que, muitas vezes, somos acostumados a esse tipo de alimentação desde crianças e, por isso, pode ser difícil se desprender desse costume.

O excesso de sódio, por exemplo, pode levar ao desenvolvimento de hipertensão arterial sistêmica (pressão alta) – causa direta e indireta de doenças do coração e dos rins. Recentemente, testamos a quantidade de sódio de diversos produtos e comparamos com as informações desse mineral estampado nas embalagens. 

Já o elevado consumo de açúcar está relacionado a problemas como obesidade, diabetes, gastrite, acne, falhas na memória, envelhecimento precoce, câncer, trombose, entre outros.

O ideal é prezar sempre pela comida “de verdade”, feita na panela, e que ela seja incentivada às crianças desde os primeiros anos de vida. O blog MinhaSaúde, da PROTESTE, pode ajudar você, pai ou mãe, a fazer isso seguindo estes 10 passos.

Falsos alimentos saudáveis

Imagem: iStock

Em meio a essa discussão sobre o que seriam alimentos saudáveis ou não saudáveis, surge ainda um terceiro participante: os falsos alimentos saudáveis. 

Eles foram introduzidos no conhecimento popular como produtos que trazem benefícios ao organismo por serem fontes de nutrientes, mas isso não é verdade. O consumo exagerado deles pode, inclusive, prejudicar a saúde. 

Pensando em ajudar você a realizar escolhas mais conscientes durante as compras, separei alguns deles para tomar cuidado. Confira:

1. Barras de cereais

Imagem: Crédito:george733/iStock

Muito utilizadas como snacks no dia a dia, as barrinhas de cereais são práticas e ricas em fibras. São ótimas opções para quem precisa de uma refeição rápida e saudável. Mas e se dissermos que a melhor opção são aquelas feitas em casa? 

As barrinhas de cereais comercializadas pela indústria, podem até conter nutrientes saudáveis, mas na maior parte das vezes, eles aparecem no final da lista de ingredientes. São geralmente ricas em sódio e açúcar, além de aditivos. Portanto, fique atento na lista de ingredientes antes de comprar uma barrinha. Aprenda a fazer uma barrinha de cereais caseira e saudável aqui!

2. Peito de peru

Se você acredita que o peito de peru fatiado – aquele que você consome muitas vezes acompanhado do queijo branco, ou no sanduíche – é uma alternativa vantajosa para o café da manhã, repense. Isso porque uma porção de 40g (cerca de duas fatias) apresenta até 500mg de sódio, o que já equivale a uma parcela considerável do volume diário recomendado.

Além disso, uma pesquisa recente realizada por cientistas da Universidade de Glasgow, na Escócia, identificou que produtos embutidos (como o peito de peru, a salsicha e o bacon) podem ter relação com o desenvolvimento do câncer de mama. Saiba mais sobre o estudo neste artigo.

3. Sopas instantâneas

A facilidade que as sopas instantâneas parecem conceder ao dia a dia não compensa a falta de nutrientes desse tipo de produto. Elas não são alimentos saudáveis, pois são ricas em sódio e aditivos químicos que podem prejudicar sua saúde.

4. Iogurtes com sabor

Imagem: ToscaWhi/iStock

O iogurte natural é um alimento versátil e nutritivo cujo consumo regular traz diversos benefícios ao organismo. É fonte de proteínas, cálcio e pode ter inclusive a vitamina D em sua composição, agregando assim, um maior valor nutricional. 

Além disso, possui bactérias lácticas na composição. Portanto, o consumo de iogurte está relacionado não somente a saúde óssea e ganho de massa muscular, como também auxilia na prevenção do desenvolvimento e tratamento de lesão na mucosa gástrica, manutenção da flora intestinal, prevenção e tratamento de doenças inflamatórias intestinais, aumento da resistência a infecções respiratórias comuns, redução do colesterol, perda de peso, entre outros.  

Todavia, nem todo iogurte é a melhor opção. Evite aqueles que você compra no supermercado com sabor, por exemplo. Eles possuem açúcar e aditivos como aromatizantes, corantes e estabilizantes em sua composição. Estes ingredientes não são considerados saudáveis, ainda que sejam permitidos por lei (IN no46/2007).

Dê preferência aos iogurtes naturais, uma vez que eles possuem apenas ingredientes lácteos. Saiba que para ser considerado natural, o iogurte deve apresentar em sua composição somente o leite e/ou leite reconstituído padronizado em seu conteúdo de gordura, cultivo de bactérias lácticas e/ou cultivo de bactérias lácticas específicas (item 4.1.1, IN nº 46/2007). Confira mais informações neste artigo.

Se você não gosta de iogurte sem sabor e já torce o nariz só de pensar em comprar, tente adaptar o seu paladar e experimentar diversas combinações. Bata o iogurte natural com as frutas da estação em um mixer ou então apenas misture as frutas picadas no iogurte. A inclusão de granola, farelo de aveia, chia, linhaça, castanhas, amêndoas, lascas de coco ou mel são super bem-vindas. 

5. Sucos de caixinha

Você já preferiu tomar um suco de caixinha no lugar do refrigerante por achar que estava fazendo uma escolha saudável? Pois está enganado. Essas bebidas podem apresentar o mesmo nível de açúcar dos refris e normalmente contêm bem menos frutas do que se espera de um suco de verdade.

6. Pães integrais

Imagem: iStock

Os cuidados em relação aos pães integrais podem ser tomados ao observar os rótulos desses alimentos. A partir de junho de 2021, entrará em vigor a Resolução No 493, que dispõe sobre os requisitos de composição e rotulagem dos alimentos contendo cereais para classificação e identificação como integral e para destaque da presença de ingredientes integrais. 

Dessa forma, os alimentos que contêm cereais só serão classificados como integrais se contiverem no mínimo 30% de ingredientes integrais. Além disso, a quantidade desses ingredientes integrais deve ser superior a de refinados (RDC No493/2021). 

“Art. 4º  Os alimentos contendo cereais que sejam classificados como integral podem apresentar na sua denominação de venda a expressão “integral”, desde que a porcentagem total de ingredientes integrais presentes no produto seja declarada na denominação de venda, com caracteres do mesmo tipo, tamanho e cor.”

Fique atento à composição dos pães integrais para não comprar um produto que se disfarça de integral.

Desta forma, observe o rótulo. Segundo a nova legislação, os alimentos contendo cereais que sejam classificados como integral podem apresentar na sua denominação de venda a expressão “integral”, desde que a porcentagem total de ingredientes integrais presentes no produto seja declarada.

Em nosso último teste de qualidade realizado na PROTESTE com lotes das principais marcas de pães de forma do mercado brasileiro, identificamos que uma delas trazia a farinha de trigo comum como ingrediente principal. Confira os resultados do teste clicando aqui.

Espero que, após conhecer esses falsos alimentos saudáveis, você, consumidor, consiga escolher de forma mais consciente quais alimentos farão parte da sua rotina e de sua família. Conheça outros testes de qualidade da PROTESTE, a maior associação de consumidores da América Latina, e continue essa jornada a caminho de uma alimentação mais saudável.