Chocolate sem culpa? Mitos e verdades sobre o alimento

Desde que o consumo seja controlado, evitando o excesso, e dependendo do tipo adquirido, o chocolate pode trazer benefícios à saúde.

Pryscilla Casagrande | 7 de Julho de 2022 às 13:20

dolgachov/iStock -

Você pode até associar diretamente o chocolate ao período da Páscoa, mas a realidade é que esse alimento marca forte presença durante o ano todo em grande parte das casas brasileiras. Segundo dados do Instituto Kantar, o consumo médio de chocolate realizado por brasileiros, durante o primeiro semestre de 2020, foi de 3,8 kg. 

A mesma pesquisa, que foi encomendada pela Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), revelou ainda que a taxa de entrada desse item nos lares do país durante o mesmo período foi de 73%. Mas, levando em consideração a má fama que esse alimento muitas vezes recebe por aí, isso significa que a saúde da população corre risco?

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Não é bem assim. Na verdade, desde que o consumo seja controlado, evitando o excesso, e dependendo do tipo adquirido, o chocolate pode trazer benefícios à saúde

Como coordenadora do Centro de Competência de Alimentação e Saúde da PROTESTE, procuro sempre instruir o consumidor sobre os produtos que ele leva para casa. Sendo o chocolate um item tão querido dos brasileiros, resolvi comentar sobre alguns mitos que envolvem o produto nesta edição da coluna Pró-saúde.

Ele é realmente o inimigo do skin care? Prejudica a saúde bucal? Pode combater a depressão? Nos tópicos a seguir, você pode conferir as respostas para essas e outras questões, além de entender como escolher o chocolate ideal.

Quais os mitos e verdades sobre o chocolate?

Imagem: iStock

Base para bolos, coberturas, tortas, mousses ou consumido diretamente em barra, o chocolate é composto basicamente de sólidos de cacau, leite, açúcar e gordura – normalmente, a manteiga de cacau. A legislação brasileira atual obriga que o produto contenha no mínimo 25% de sólidos de cacau para ser considerado chocolate.

Entender exatamente o que você está consumindo é o primeiro passo para tomar decisões de compra mais conscientes, sem correr o risco de levar para casa um produto de má qualidade. Você pode verificar a composição do chocolate conferindo a lista de ingredientes e a tabela nutricional no rótulo do produto.

Assim, você evita, por exemplo, consumir produtos com altos teores de açúcares e gorduras que se disfarçam de chocolates de boa qualidade. Recentemente, realizamos na PROTESTE um estudo em laboratório de alimentos com sódio para confirmar a veracidade das informações em seus rótulos. Confira os resultados clicando aqui.

Agora que você entende a importância de conferir essas informações no momento da compra, vamos desvendar alguns mitos e verdades relacionados ao produto? 

Chocolate causa espinhas?

Isso não é verdade. As causas do surgimento da acne não são totalmente conhecidas pela ciência, mas envolvem diversos fatores, que vão desde os hormonais até a genética. E até mesmo o uso de máscaras faciais por longos períodos também contribuem para esse cenário, causando as chamadas “masknes”. Além disso, o uso de certos cosméticos pode, ainda, agravar o caso.

Por isso, colocar a culpa somente no chocolate não é justo. Não houve, até hoje, nenhum estudo que comprovasse a ligação do consumo de chocolate com o aparecimento da acne. O mesmo mito envolve também alimentos como a batata frita, as azeitonas e os refrigerantes.

Mas é claro que isso não significa que é permitido exagerar na hora de consumir um desses produtos. Afinal, eles são ricos em substâncias que podem prejudicar a saúde, como o açúcar, sobre o qual comentaremos a seguir.

O chocolate prejudica os dentes?

Outro mito que envolve o chocolate é sua suposta influência na formação de cáries. Na verdade, a alta concentração de açúcar com uma má higiene bucal são os principais vilões da saúde dos dentes.

O consumo de chocolate pode sim formar cáries, assim como qualquer alimento que tenha açúcar em sua composição. Ou seja, não é o cacau o culpado. O segredo é realizar a higienização dos dentes logo após comer, já que o tempo em que o açúcar permanece na boca é o que permite a formação das cáries, por meio da fermentação.

Quanto mais amargo, melhor?

Isso é verdade. Quanto maior for o percentual de cacau do chocolate, ou seja, quanto mais amargo ele for, melhor sua qualidade e mais acentuado seu sabor. Mas, isso não tem só a ver com o aspecto sensorial.

O chocolate amargo tem também efeito saciante, o que evita o consumo exagerado. Ele também tem maior quantidade de cafeína, que estimula o sistema nervoso central, quando comparado ao chocolate ao leite. Saiba mais sobre o consumo ideal de cafeína aqui!

Quanto maior o teor de cacau no chocolate, menor será a quantidade de açúcar no produto, o que deixa-o mais saudável. Por isso, quanto maior o teor, melhor!

Efeito antidepressivo

Não é segredo para ninguém que o chocolate é um refúgio frequente de quem quer se dar um agrado e ter um momento de prazer. Há uma explicação científica para isso: ele é capaz deproduzir serotonina, que aumenta a satisfação, e aumenta os níveis de betaendorfinas.

Porém, isso não deve ser confundido com a capacidade de provocar efeitos antidepressivos, como é bem comum ouvirmos falar. Diferentemente do conhecimento popular, esse alimento não tem esse benefício comprovado cientificamente.

Como escolher o chocolate ideal?

Imagem: Alex Manzanares Muñoz/iStock

Já comentei aqui sobre a importância de se atentar ao rótulo do chocolate no momento da compra. Mas o que exatamente você deve conferir?

Seguem algumas dicas:


Pensando em orientar o consumidor brasileiro sobre suas decisões de compra a PROTESTE, a maior associação de consumidores da América Latina, realiza testes de qualidade com diversos produtos disponíveis no mercado. O objetivo é que você consiga se informar sobre o que realmente está comprando, e assim, fazer escolhas mais conscientes na próxima vez que for ao supermercado.