Geneticista explica o que diferencia um campeão olímpico de um atleta

Geneticista explica como a influência genética atrapalha ou melhora o desempenho nos esportes, aumentando a predisposição às lesões. Confira!

Julia Monsores | 10 de Agosto de 2021 às 14:00

jacoblund/iStock -

Não é apenas o esforço antes das competições que influencia no desempenho dos atletas. Segundo o especialista em genética Dr. Marcelo Sady, Pós-Doutor em Genética e diretor geral da Multigene, assim como pode contribuir, a genética também pode prejudicar a performance, aumentando o risco de lesões. No entanto, em algumas modalidades a influência genética é bem maior do que em outras.

“Mas o fato é que existem genes que estão associados a maior aptidão para exercício de força e velocidade, e outros para endurance (resistência, longa duração). Se um indivíduo é um corredor de endurance, mas tem aptidões para exercícios de força e velocidade, isso vai diminuir a performance deste atleta. Se ele tem variantes genéticas que levam a um maior nível de lesões, ele vai se lesionar mais e isso pode até interromper sua carreira. Assim, conhecer a genética é importante”, explica.

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O que os estudos dizem?

A influência genética vem sendo testada em vários casos pelo mundo. Em 2013, realizaram um estudo na Unifesp com um time de basquete e havia um jogador que jogava mais no garrafão e vivia apresentando lesões.

“Essa posição (no garrafão) é um lugar em que se precisa de mais força, impulsão e velocidade. Quando fizeram a análise dos genes, verificaram que ele tinha maior aptidão para o exercício de endurance. Então, eles utilizaram essa informação genética para modificar o treinamento do atleta. Por exemplo, ele passou a levantar menos peso, com um número maior de repetições, e isso ajudou a diminuir o número de lesões. E houve uma mudança tática também e ele passou a sair mais do garrafão e correr mais”, explica Dr. Marcelo Sady.

Assim, conhecer sua informação genética pode melhorar o seu treino, tempo de recuperação e evitar a ocorrência de lesões. E, como resultado, melhorar o seu desempenho nos esportes.

É possível contornar essa influência genética?

As informações genéticas trazem novos entendimentos para a saúde dos atletas. (Imagem: Aers/iStock)

Segundo Dr. Marcelo Sady, é possível conhecer de antemão suas características e, na maioria dos casos, melhorar o desempenho no esporte que você pratica por meio de uma suplementação adequada.

“Por exemplo, existem genes que possuem variantes genéticas que levam a um maior risco de ter tendinopatia de aquiles, rompimento do cruzamento anterior do joelho e deslocamento de ombros. Então, o que pode ser feito? Modular a expressão desses genes, por meio da suplementação – o que vai levar a uma função adequada, sem exagero, reduzindo o risco de lesões. Eu sou portador de um alelo que leva a um risco 2,5 vezes maior de ter tendinopatia de aquiles. A partir do momento em que eu passei a modular a expressão dos meus genes, eu praticamente anulei essa suscetibilidade genética”, explica.

Segundo Dra. Marcella Garcez, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia, a suplementação também pode diminuir o risco de lesões.

“Uma dieta equilibrada, que inclua alimentos com funcionalidades anti-inflamatórias e antioxidantes, pode, de fato, ajudar a reduzir o risco de manutenção do estado inflamatório em atletas e praticantes de atividade física de grande intensidade e frequência”, explica.

Suplementos para modular a expressão dos genes

A cúrcuma, tempero em pó, pode ser usada como remédio natural para melhorar problemas gastrointestinais, febre, tratar resfriados e reduzir o colesterol alto. Imagem: Nildanet/iStock

Segundo a especialista, entre os vários nutracêuticos presentes em alimentos com funcionalidades anti-inflamatórias, podemos citar:

“Todos esses suplementos, e outros, dependendo da orientação, podem ser consumidos com prescrição médica para o tratamento complementar, prevenção e redução de riscos de lesões mediadas por reações inflamatórias, em portadores de polimorfismos genéticos, que os tornam mais suscetíveis”, conclui a especialista.