Puerpério: médica explica importância de romantizar menos e acolher mais

O puerpério é o momento no qual a mãe está mais vulnerável e suscetível a crises. A especialista Dra. Evelyn Prete explica mais o assunto.

Julia Monsores | 18 de Abril de 2022 às 15:00

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O puerpério é o período após o parto até que o corpo da mulher volte às condições da pré-gestação. Nesta fase da vida, que também é chamada de resguardo ou quarentena, muitas mudanças podem ser observadas na mulher. Não apenas a níveis hormonais e físicos, mas também emocionais.

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De forma geral, o puerpério vai desde o nascimento da criança até a primeira menstruação da mulher, depois da gravidez, e é exatamente nesse momento que a mãe está mais vulnerável e suscetível a crises.

Seja pelas alterações presentes em seu organismo, pela insegurança, pelo vínculo que está sendo construído com o bebê ou pela mudança de identidade que a mulher tem que enfrentar, este é um momento delicado – e que requer atenção e acolhimento.

“No puerpério a mulher está se recuperando do parto e construindo uma nova rotina. Além disso, ela está mais vulnerável em relação ao seu corpo, à sua autoimagem e ao seu emocional. E assim, muitas acabam se sentindo desamparadas, incapazes e inseguras nesse momento e sentem que perderam o controle de sua vida. É uma sobrecarga grande para a mãe lidar com tantas mudanças e, por isso, essa fase não deve ser romantizada”, explica a ginecologista e obstetra Dra. Evelyn Prete.

De acordo com ela, neste período o apoio da família e de pessoas próximas faz toda a diferença para que ela consiga se reencontrar e ter a segurança necessária para seguir em frente.

Fases do puerpério

(Imagem: tatyana_tomsickova/iStock)

O puerpério pode ser dividido em três etapas: imediato, tardio e remoto.

De acordo com a Dra. Evelyn, o aleitamento materno tem forte relação com a duração do puerpério e traz grandes benefícios à puérpera e à criança.

“As mães lactantes em tempo integral podem ficar sem menstruar por mais de 12 meses, enquanto as que não amamentam podem ter a menstruação voltando, em média, com 6 a 8 semanas após o parto. Já a amamentação parcial é menos eficiente para estender a amenorreia (falta de menstruação) pós-parto”, explica a médica.

Assim, o momento do término do puerpério varia, e no geral as puérperas que não amamentam têm a primeira ovulação após 6 a 8 semanas do parto.

Autocobrança

(Imagem: Aliseenko/iStock)

O principal motivo para a mulher se sentir tão insegura nesse período e intensificar a autocobrança é a imagem que a sociedade construiu ao longo do tempo do que é ser mãe e dos padrões que, supostamente, devem ser seguidos. Isso pode gerar tristeza e até mesmo depressão.

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“Se a mãe foge dos padrões impostos, ela é julgada. Por exemplo, se ela não consegue amamentar o seu filho, por algum motivo, ela é criticada e intitulada como uma mãe ruim e irresponsável, que não consegue suprir as necessidades da criança”, ressalta a ginecologista. “O momento é de acolhimento à mulher, às suas necessidades físicas e emocionais, não de julgamento”, aconselha.

Neste momento, mais do que nunca é importante manter uma rede de apoio, composta por amigos e familiares que estejam presentes e dispostos a ajudarem. Não apenas oferecendo suporte emocional, mas também ajudando na organização da casa, no preparo dos alimentos para a casa, trocando a fralda do bebê etc.

Além disso, não esqueça também de cuidar de si. Procure realizar pequenos agrados, tendo momentos para curtir sua própria companhia – dar uma caminhada, assistir a um filme, dormir por mais algumas horinhas…

Cuidados no puerpério

De acordo com a Dra. Evelyn, alguns cuidados são indispensáveis no puerpério para a mulher se sentir o mais confortável possível e preservar a sua saúde.

“Sempre observe as mamas, já que problemas como a mastite puerperal – uma inflamação das glândulas mamárias que, se não tratada, pode evoluir até para uma infecção –, são relativamente frequentes no período.”

Além disso, a médica ainda recomenda:


Fonte: Dra. Evelyn Prete é formada em Medicina pela Universidade Cidade de São Paulo, com residência em Ginecologia e Obstetrícia pela Maternidade Jesus, José e Maria de Guarulhos, uma das maiores em volume de partos do estado de São Paulo. Passou por estágios nos hospitais Pérola Byngton e Unifesp. No momento está se especializando em Medicina Fetal pela Unidade de Medicina Fetal da Conceptus.