Um novo olhar sobre a velhice

Se você acha que envelhecer é sinônimo de fragilidade, incapacidade ou doença, apague essa imagem. Descubra a verdade sobre a velhice!

Rayane Santos | 16 de Dezembro de 2021 às 14:00

DisobeyArt/iStock -

Se você acha que velhice é sinônimo de fragilidade, incapacidade ou doença, apague essa imagem. Novas pesquisas revelam que o segredo para viver mais e permanecer saudável está em nossas mãos. Segundo o IBGE, em 2015, os homens brasileiros com 55 anos tinham expectativa de vida calculada em mais 23,9 anos, chegando aos 78,9 anos. Já as mulheres com a mesma idade poderiam ter mais 28 anos, o que significa viver até os 83 anos.

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Talvez você não perceba, mas o destino lhe deu um presente extraordinário. Você nasceu em uma época em que se vive mais do que em qualquer outro momento da história da humanidade. Em comparação com a maioria que já viveu neste planeta, podemos desfrutar, em média, 30 anos de vida a mais do que nossos antepassados. 

Hoje quem tem 60 anos ou mais está em boa companhia. Estima-se que em 2025 haverá 1,25 bilhão de pessoas acima dos 60 anos. Em 2050, o número pode atingir a marca de 2 bilhões – quase um quarto da projeção da população mundial. Saiba mais sobre a velhice e entenda por que você não deve ter medo de envelhecer.

Redefinição de “velhice”

É verdade, como era de se esperar, que o corpo acabará mostrando sinais do tempo que passamos neste mundo, mas a fragilidade e a saúde comprometida não são inevitáveis. Compreender as mudanças físicas que ocorrem com a idade e quais fatores de estilo de vida ajudam você a ficar bem facilitará alcançar o objetivo de se ter saúde no longo prazo. E melhores diagnósticos e tratamentos significam que a maioria de nós, mesmo que estejamos com problemas de saúde, ainda pode almejar ter uma vida longa e útil. 

Até um século atrás, as pessoas morriam, em média, aos 40 anos. Antes do século XX, o ciclo de vida era muito mais curto para a maioria de nós. Começava-se a trabalhar aos 10 anos; aos 15, já se tinha filhos; aos 30, já se era avô e, aos 40, o corpo já estava quebrado, dolorido e em decadência.  

Hoje, a maioria que chega aos 40 anos acredita que ainda falta pelo menos metade da vida para aproveitar. Alguns estão na fase de ter filhos; outros, deslanchando a “verdadeira” carreira. Em termos biológicos e psicológicos, acredita-se que a velhice comece aos 80, o que deixa um período de 30 anos, entre as idades de 50 e 80, em que temos de inventar um novo jeito de viver.  

A meta: saúde longa

Expressões populares como “antienvelhecimento” e “vida longa” são enganosas, pois deixam implícito que a meta de se viver de forma saudável é ter mais anos de vida. Embora o panorama otimista, o cuidado com a saúde e o estilo de vida modernos já tenham nos dado a oportunidade de vivermos muito mais do que nossos antepassados (alguns cientistas acreditam que o corpo humano, quando bem conservado, pode durar até cerca de 120 anos), a meta hoje não é apenas acrescentar anos, mas sim ter uma saúde duradoura. 

“Saúde duradoura” significa ter vitalidade e energia em qualquer idade; quer dizer que não aceitamos mais os problemas do envelhecimento – como diabetes, doenças cardiovasculares, artrite, demência, incontinência urinária etc. – como parte do nosso destino. Ter uma saúde duradoura é levar uma vida ativa, saudável e feliz.

Nossa percepção de velhice

Estudos diversos encontraram várias ligações entre a percepção do envelhecimento e a saúde e o bem-estar gerais. Por exemplo, uma pesquisa revelou que aqueles que tinham uma visão positiva do envelhecimento eram mais propensos a viver fisicamente ativos – um elemento importantíssimo para envelhecer bem. No entanto, os que tinham uma visão negativa do processo eram menos propensos a se manter ativos e tendiam a envelhecer “sem sucesso”. 

A nossa percepção sobre o envelhecimento também afeta como vivemos. Por exemplo, se você acha que a função cerebral diminui com a idade – uma mentira total – é provável que se negue a aprender a usar o computador, excluindo-se de uma ferramenta valiosa para aprender, manter contato com as pessoas e encontrar novos interesses, todos fundamentais para envelhecer bem. 

Tudo isso cria um círculo vicioso: se achamos que velhice significa fraqueza, e a saúde e a memória se deterioram por causa dessa crença, isso apenas a reforça, resultando em problemas maiores.

Velhice não é sinônimo de invalidez e doenças. (Imagem: monkeybusinessimages/iStock)

Tipos de envelhecimento

Cronológico: Refere-se ao número de anos passados desde o nascimento. 

Biológico: Descreve como envelhecemos por dentro, física e mentalmente. 

Psicológico: Trata-se da nossa própria percepção acerca da idade que sentimos ter. 

Como diz a expressão, “você é tão velho quanto se sente”. Enquanto o envelhecimento biológico e o psicológico são individuais, o cronológico se aplica igualmente para todos – não importa o que se faça para desacelerar a ação do tempo, a cada ano que passa ficamos mais velhos. No entanto, ter uma vida saudável e ativa e manter uma perspectiva positiva ajudará a transformar a idade em um número apenas.

Segredos da longevidade

Embora não haja fórmula mágica para saber por que algumas pessoas vivem mais do que outras, estudos com aquelas que vivem até os 100 anos ou mais sugerem que elas tendem a:

Redefinição de idade 

Aqueles que envelhecem bem tendem a aumentar o limite da expectativa de vida, que agora está em torno de 83 anos para as mulheres e de 78,9 para os homens, segundo o IBGE. A francesa Jeanne Calment, a pessoa mais velha do mundo de que se tem registro, expandiu os limites.

Ela viveu 122 anos, idade agora considerada tempo de vida máximo para os humanos. O primeiro passo para alcançar uma saúde duradoura é rever o que se pensa sobre velhice. O termo “velho” precisa de uma nova definição. Mais do que nunca, as pessoas na faixa dos 60 anos, 70 ou mais têm uma vida completa e ocupada, e não há motivo para você não ter também.

Ao se imaginar envelhecendo, lembre-se de que você pode permanecer ativo e produtivo. Atividades de todos os tipos – físicas, mentais, sociais e espirituais – podem retardar ou até reverter o processo de envelhecimento, assim como gestos simples como comer o que faz bem e fazer exames médicos necessários.

Não espere a incapacidade 

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Estudos têm mostrado que aqueles que praticam exercícios regularmente, controlam o peso, não tomam bebida alcoólica em excesso e evitam o cigarro vivem mais do que quem não tem esses cuidados. Essas pessoas também têm menos limitações e as desenvolvem mais tarde, então, vivem menos anos não saudáveis. 

Não espere ficar frágil

Não importa a idade, o exercício físico pode torná-lo mais forte, manter e melhorar a função cardiovascular e reduzir os fatores de risco associados a doenças como o diabetes

Não espere o cérebro falhar 

Não tem por que se preocupar se esqueceu onde deixou a carteira ou a chave do carro – é provável que a sua mente esteja melhor do que você pensa. Por quê? Descobriu-se que a função mental não diminui significativamente com a idade, apenas com a doença.

Não espere a vida sexual acabar 

Em um estudo com pessoas com 60 anos ou mais, 80% das que tinham parceiros faziam sexo pelo menos uma vez por mês. Isso é importante porque uma vida sexual ativa pode ter efeitos positivos na saúde mental e física – e pode melhorar a nossa aparência. Um estudo escocês descobriu que pessoas mais velhas que faziam sexo regularmente pareciam dez anos mais jovens do que aquelas que não faziam. 

Além disso, os mais velhos relatam de forma consistente mais satisfação com a vida sexual do que os mais jovens. Escritor de Secrets of a Passionate Marriage [Os segredos de um casamento apaixonado], o Dr. David Schnarch sugeriu que a vida amorosa das pessoas na faixa dos 60 anos pode ser melhor do que a de quem está na faixa dos 20 – tudo tem a ver com maturidade.