Drenagem linfática: fisioterapeuta desvenda mitos mais comuns

Certamente você já ouviu falar na drenagem linfática. Esse procedimento, que também é conhecido como linfoterapia, apesar de ser bastante popular, ainda é

Julia Monsores | 7 de Abril de 2021 às 09:00

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Certamente você já ouviu falar na drenagem linfática. Esse procedimento, que também é conhecido como linfoterapia, apesar de ser bastante popular, ainda é envolto em muitas dúvidas — e mitos. Há, por exemplo, a crença popular entre algumas pessoas de que essa massagem pode ajudar a eliminar aquelas gordurinhas extras que você talvez tenha adquirido agora na quarentena. No entanto, isso não é verdade.

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De fato, essa modalidade terapêutica ajuda a eliminar as toxinas do corpo e a retenção de líquidos, mas não é eficaz para o emagrecimento. Para esse objetivo, a dupla de atividades físicas e boa alimentação continuam sendo a melhor opção.

Para elucidar essa e outras questões, conversamos com o fisioterapeuta Daniel Zucchi, que é especialista em Linfoterapia. Continue acompanhando e tire todas suas dúvidas sobre esse procedimento.

O que é a drenagem linfática?

Em nosso corpo, há estruturas chamadas linfonodos que constituem nosso sistema linfático. Espalhados por diversas regiões, como axilas, braços e pernas, a função dos linfonodos é filtrar a linfa, um líquido incolor. E assim, garantir a eficaz remoção de partículas estranhas que porventura possam entrar no sistema circulatório.

Como já comentamos aqui neste outro post, a drenagem linfática é uma técnica de massagem manual que tem como objetivo o estímulo dos linfonodos do corpo por meio de uma leve pressão em pontos específicos. Para que, assim, a linfa possa passar pelo sistema circulatório, consequentemente eliminando o excesso de fluidos no corpo e também as toxinas.

Assim, o fisioterapeuta ou massoterapeuta responsável pela drenagem linfática, realiza movimentos circulares que estimulam essa circulação. Os pontos estimulados podem ser:

Mitos

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1. Há remoção da gordura corporal na drenagem linfática 

Como já adiantamos, a ideia de que a drenagem linfática ajuda a perder gordura corporal, infelizmente, não procede.

“A eliminação de gordura passa por um processo bioquímico e depende da ativação do AMP cíclico (molécula na transdução de sinal em uma célula), que ativa a enzima Lipase que age na quebra da molécula de gordura. Uma massagem manual não tem o poder de ativar a lipase porque não retira o açúcar circulante do organismo”, explica o fisioterapeuta Daniel Zucchi.

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2. A drenagem linfática dói

Muitas pessoas têm medo de realizar essa massagem, uma vez que os movimentos aplicados no corpo, levemente pressionados, poderiam, em teoria, causar desconforto. No entanto, apesar da percepção da dor ser individual, ela não costuma causar incômodos na maior parte das pessoas.

“A dor é um dos sinais de que nosso corpo está sofrendo uma inflamação, e toda inflamação gera um edema. A drenagem tem como objetivo tirar esse edema (inchaço)”, explica o especialista.

Inclusive, uma drenagem linfática sequer deve deixar hematomas no corpo. Isso ocorre em casos em que o procedimento não foi bem feito, havendo um rompimento de vasos sanguíneos na região.

3. A drenagem causa metástase 

Outro receio existente entre as pessoas é sobre a associação de câncer com drenagens linfáticas. Mas na verdade, a lógica é justamente oposta. Pacientes com câncer podem se beneficiar dessa prática, sobretudo para a prevenção e tratamento de linfedemas.

“O sistema linfático é a região onde as células cancerígenas podem se espalhar pelo corpo. Não se pode culpar a drenagem. Toda contração muscular faz o sistema linfático trabalhar. A toda contração muscular é realizada uma drenagem. Há artigos científicos que demonstram que pacientes com câncer de mama, divididos em dois grupos (um que fez a drenagem, outro que não fez), e o grupo que não se submeteu à drenagem teve mais metástase que o outro”, acrescenta o especialista.

4. Há uma idade certa para realizar essa massagem

“Os problemas de sistema linfático podem ocorrer em qualquer idade, inclusive com crianças em problemas congênitos”, pontua o fisioterapeuta Daniel Zucchi.

Segundo ele, no caso de Linfedema Primário Congênito, quando a criança nasce com problema no sistema linfático, é necessário fazer a drenagem logo no início. “Já atendi crianças de 9 meses até 6 anos”, acrescenta.

5. A drenagem linfática emagrece 

“A drenagem linfática é capaz de reduzir medidas, uma vez que pode desinchar o corpo pelo excesso de líquidos. No entanto, o procedimento não emagrece visto que o que se perde é líquido, e não gordura”, explica o especialista.

Para que de fato possa haver um emagrecimento é importante unir exercícios físicos com um planejamento alimentar saudável e bem equilibrado. Confira aqui 25 dicas de especialistas para emagrecer.

6. Exercício físico não auxilia e nem ajuda a drenagem

Outro mito comum. Segundo o especialista, todo e qualquer movimento corpóreo já promove uma drenagem de líquidos.

“No entanto, a prática de atividades físicas atrelada à técnica de drenagem linfática pode trazer inúmeros benefícios, já que melhora a circulação sanguínea e faz com que o ácido lático, produzido durante os exercícios (alto impacto), também seja drenado, o que atenua as dores e relaxa o corpo”, explica.

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7. Drenagem linfática não pode ser feita diariamente 

Mas afinal, é possível fazer a drenagem linfática diariamente? Segundo o fisioterapeuta Daniel Zucchi, sim. “Se a paciente apresentar muita retenção de líquidos, a drenagem linfática pode ser indicada diariamente ou, no mínimo, três vezes por semana para obter resultados satisfatórios”, explica.