Atividades físicas no verão: como evitar riscos ao coração

Vai começar o seu "projeto verão" em janeiro? Confira dicas para praticar atividades físicas no verão sem colocar a saúde em risco.

Redação | 22 de Dezembro de 2019 às 19:00

anyaberkut/iStock -

O verão chegou. Com a combinação de férias e calor, muitas pessoas trocam o escritório pela liberdade de correr e jogar bola na praia, fazer caminhadas ou se exercitar em parques. Mas praticar atividades físicas no verão sem preparo ou conhecimento sobre a saúde do coração pode trazer riscos à saúde. Em casos extremos, pode até levar à morte.

Antes de tudo, para começar ou recomeçar uma atividade física é recomendável procurar um médico e fazer uma avaliação, especialmente se o exercício for de alto impacto. Na última semana, a Sociedade Brasileira de Cardiologia divulgou um alerta sobre os riscos a que os “atletas de verão” estão sujeitos.

Segundo a entidade, ataque cardíaco fulminante é a principal causa de morte durante as atividades físicas. Se o indivíduo tiver mais de 35 anos ou histórico de doença cardíaca na família, os cuidados devem ser redobrados, porque as chances de morte súbita são maiores.

“Projeto verão”: uma armadilha para o corpo

“A combinação de sedentarismo com falta de tempo e alimentação inadequada resulta em excesso de peso. Assim, surgem as promessas milagrosas de final de ano. De uma hora para a outra, a pessoa resolve praticar esporte sem saber como está a pressão, a glicemia e o coração”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, o médico José Francisco Kerr Saraiva.

“Quando você começa a se exercitar, a pressão sobe porque o coração é requisitado para uma demanda maior de sangue. O resultado pode ser a morte”, diz o médico. Foi o que ocorreu com o humorista Bussunda, que morreu na Alemanha, durante a Copa do Mundo de Futebol de 2006, após uma partida de futebol com amigos.

Além disso, não é só o coração que sofre consequências. O resto do corpo também é afetado pelo excesso repentino de exercícios sem orientação de um profissional.

“Há uma sobrecarga das articulações, porque o corpo não está acostumado com o exercício realizado. Existe o risco de lesões musculares, por falta de flexibilidade e coordenação motora. Também aumentam as chances de lesões de ligamento de joelhos e ombros”, diz Karina Hatano, médica com mestrado em medicina do exercício e do esporte.

Como praticar atividades físicas no verão sem correr riscos?

De acordo com os especialistas, é preciso se hidratar e repor os sais durante o treino, especialmente ao praticar atividades físicas no verão sob temperaturas quentes. Se o exercício físico durar até uma hora, com pequena e média intensidade, basta beber água. Caso seja longa e intensa, é recomendável acrescentar isotônico ou água de coco.

Ao final, é preciso repor energia e a proteína. A quantidade depende da intensidade, tempo de treino, índice de gordura e massa muscular. Por isso, é recomendável consultar um nutricionista para montar o cardápio ideal para as suas necessidades.

“As pessoas acham que podem correr e fazer musculação de uma hora para a outra. É imprescindível fazer uma avaliação médica, evitar bebida alcoólica, parar de fumar, dormir bem e adotar hábitos e alimentação saudáveis”, afirma Murilo Alves, personal trainer.

Para ele, o ideal é começar com caminhadas leves três vezes na semana, aumentando progressivamente tempo e intensidade. Por outro lado, se a opção for pela musculação, é recomendado treinar em dias alternados, com cargas leves e exercícios de adaptação muscular e cardíaca.

Também é importante lembrar que dores não são um bom sinal. “A dor não é indício de bons resultados, como muitos pensam. Mas sim de que você fez algo errado ou exagerou nas atividades”, explica.

Cuidados ao praticar atividades físicas: um guia rápido

Visto que conhecimento e preparo são fundamentais para começar a praticar atividades físicas no verão — e em qualquer época do ano —, confira um guia com recomendações da Sociedade Brasileira de Cardiologia, do Instituto Cohen de Ortopedia, Reabilitação e Medicina do Esporte e da Assessoria Personal 360.

PATRÍCIA PASQUINI /FOLHAPRESS