5 descobertas sobre a demência que você precisa conferir

No mundo inteiro, cerca de 50 milhões de pessoas sofrem de demência, mas os cientistas já tem novas descobertas para compartilhar com o mundo.

Julia Monsores e atualizado por Rafaella Gazzaneo | 29 de Maio de 2020 às 16:00

KatarzynaBialasiewicz/iStock -

No mundo inteiro, cerca de 50 milhões de pessoas sofrem de demência, e já se previu que esse número vai crescer com o envelhecimento da população. Com isso em mente, é fácil supor que o risco geral de demência também esteja aumentando. Porém, na verdade é o contrário: a taxa de demência na população com 65 anos ou mais está caindo.

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O número absoluto sobe, mas é porque muita gente está vivendo bem mais do que nas gerações anteriores. E, com a velhice, ficamos mais suscetíveis às doenças ligadas à idade.

O que é a demência?

É um conjunto de sintomas associado a uma deficiência profunda do pensamento, da memória e da capacidade de funcionar. Embora ligada com mais frequência à doença de Alzheimer, ela também pode ser causada por outras enfermidades, como Parkinson e doença cardiovascular.

Uma revisão de pesquisas recentes sobre demência publicada na revista Lancet lista sete doenças, como hipertensão arterial, obesidade, depressão não tratada e perda auditiva não tratada, que aumentam o risco de demência.

5 descobertas sobre a demência que você precisa conferir

1. Hereditariedade não é destino 

E os genes? Eles não tornam a demência quase inevitável em algumas pessoas? Nas formas raras de doença de Alzheimer precoce que atacam pessoas dos 30 aos 50 anos, os genes realmente determinam a demência. Mas não é assim com a doença surgida mais tarde. 
“O gene comum que aumenta o risco de Alzheimer em pessoas de 65 anos ou mais se chama APOE-4”, diz a professora Livingston. Mas ela ressalta que nem todo mundo que tem o APOE-4 sofre da doença e nem todo mundo que apresenta demência tem o gene. 
Na verdade, de acordo com a professora, o gene “só explica cerca de 7% das demências”. 
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2. Cérebros ativos são mais saudáveis 

Uma pesquisa identificou que o nível mais alto de atividade cognitiva está associado à melhor cognição. De acordo com o Dr. Aron Buchman, do Centro Rush, "atividades intelectuais comuns, como ler livros, escrever cartas e buscar e aprender regularmente informações novas, como outro idioma, por exemplo, são fundamentais para manter o cérebro saudável." 
A pesquisa constatou que, na velhice, quanto mais essas atividades faziam parte da vida, menos declínio mental o participante exibia. 
Mas uma questão importante permanecia: esses indivíduos escapavam da demência apesar de mudanças fisiológicas do cérebro? Os pesquisadores tiveram a resposta quando todos os participantes do estudo concordaram em doar o cérebro para autópsia após a morte. 
As condições físicas dos cérebros doados eram mais ou menos o que se esperaria de pessoas com 80, 90 ou mais anos, inclusive com anormalidades. Mas essas anormalidades não causaram o dano esperado em quem se manteve intelectualmente ativo. 
A teoria predominante é que o cérebro dessas pessoas tem bastante “reserva” cognitiva ou cerebral, um reservatório de matéria cinzenta ativa disponível para compensar as mudanças ligadas à idade. 

3. Alimentação saudável, cérebro saudável 

Um estudo recente constatou que, só por aderir estritamente à alimentação mediterrânea (consumo elevado de cereais integrais, frutas, legumes, verduras, azeite e peixe; baixo consumo de carne e doces), é possível baixar em até 40% o risco de doença de Alzheimer. 
Hoje, os pesquisadores levaram a alimentação um passo adiante, confirmaram a conexão entre ela e a demência e criaram a chamada alimentação MIND, um regime que visa diretamente à saúde cerebral. 
A dieta MIND é uma combinação da mediterrânea e da DASH (que restringe doces, cereais refinados, frituras e fast food, carne vermelha, manteiga e queijo). Hoje, já se comprovou que essa combinação reduz em cerca de 50% o declínio cognitivo. 
Outras dietas também são eficazes. O segredo na hora de escolher a sua? Observar que o que as dietas mais saudáveis têm em comum é a ênfase em alimentos vegetais, com menos industrializados. 

 

4. Sua melhor defesa: mexa-se 

Já se determinou que as pessoas que seguiam a alimentação mediterrânea e se exercitavam rotineiramente tinham um risco de demência até 67% menor. E a pesquisa recente sobre o efeito dos exercícios é ainda mais promissora. 
O Centro Rush de Doença de Alzheimer vem acompanhando desde 1994 um grupo rotativo de idosos (entram pessoas novas quando as mais velhas morrem) a fim de tentar identificar os fatores que ajudam alguns a manter a saúde cognitiva enquanto outros declinam. A idade média dos participantes que entram no estudo é de 80 e poucos anos. 
“Em 2005, começamos a usar um aparelho de pulso para medir a atividade física”, diz o professor Buchman. 
Os aparelhos mediam tudo, desde varrer o chão e cuidar do jardim até os exercícios mais formais, como andar de bicicleta. 
“Descobrimos que as pessoas com mais atividade tinham risco reduzido de apresentar demência. Também seu declínio cognitivo tinha um ritmo mais lento com o passar do tempo.” 
Conforme os participantes ativos morriam e doavam o cérebro ao estudo, os pesquisadores descobriram que, assim como quem ficava intelectualmente ativo, quem manteve a atividade física compensou o declínio cognitivo. 
“O benefício da atividade mais intensa para a melhor cognição se manteve, independentemente de quaisquer anormalidades medidas no cérebro”, diz o professor Buchman.  
Por só medir a atividade física quando as pessoas já têm mais de 80 anos, a pesquisa Rush não nos diz com que idade começar para obter os benefícios da atividade. Mas agora se demonstrou que, em qualquer idade, a atividade física ajuda. 

5. Bom para o coração, bom para o cérebro 

Numerosos pesquisadores encontraram uma conexão entre demência e diabetes, obesidade, colesterol alto, fibrilação atrial e hipertensão. 
Cada doença que afeta a saúde cardíaca também traz risco cognitivo. A hipertensão, por exemplo, foi ligada a pequenas lesões cerebrais que podem afetar a cognição. 
“O que é bom para o coração também é bom para o cérebro”, diz o Dr. Silvan Licher, do Centro Médico da Universidade Erasmus. 
As recomendações de alimentação e atividade física para o coração saudável são bem semelhantes às do cérebro. 
“Hoje, a mensagem importante é que as pessoas podem reduzir o risco de demência e manter a saúde cerebral enquanto envelhecem”, diz o professor Buchman. Você, eu, todos nós, não importa a idade, temos o poder de fazer pequenas mudanças que aumentam a probabilidade de passar a vida inteira sem demência.